Julia Marina Quemel Matta e Felipe Jailson Souza Oliveira Florêncio, Assistentes do periódico Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, Belém, PA, Brasil.
Com nove artigos científicos, uma entrevista internacional e duas resenhas críticas de livros, o periódico Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação (vol. 43, no. 1), congrega estudos e análises de, ao todo, 19 autores, nacionais e internacionais, a partir de três eixos temáticos: sobre jornais e jornalistas; interação e informação; e pesquisa e cidadania.
Jornais e jornalistas
O primeiro eixo reúne três artigos que têm, como foco comum, trazer discussões referentes a práticas e suportes jornalísticos. Os autores são de instituições dos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Bahia. No primeiro artigo desse eixo, intitulado “Cuidado, virtude e dilemas morais nas práticas de não-jornalistas”, Dairan Paul e Rogério Christofoletti discutem os valores éticos que balizam decisões tomadas por não-jornalistas diante de dilemas morais em situações editoriais. Os pesquisadores sustentam a hipótese de que “não-jornalistas possuem valores específicos que regem suas práticas, ora em consonância, ora em conflito com os cânones deontológicos do jornalismo” (PAUL; CHRISTOFOLETTI, 2020, p. 22).
Em seguida, Beatriz Dornelles e Heleno Rocha Nazário apresentam o trabalho “Status relacional fronteiriço em dois jornais da fronteira Brasil-Argentina”, que traz uma proposta de categoria analítica para obter indícios do posicionamento acerca de fronteiras e contatos com países vizinhos a partir de textos publicados em jornais. “Em certo sentido, os traços culturais compartilhados por povos fronteiriços seguem essa mesma mecânica de semelhança matizada pelas diferenças” (DORNELLES; NAZÁRIO, 2020, p. 38), indicam os autores. No terceiro e último artigo do eixo, “Anacronias da crítica literária em jornal: a transição da matriz romântica ao rodapé”, Rachel Bertol analisa a crítica literária em conjunção com a atividade jornalística no Brasil, a partir de três momentos distintos.
Interação e informação
O segundo eixo é direcionado ao fomento do diálogo com questões de ordem informacional. Congrega trabalhos de pesquisadores do Rio Grande do Sul, da Itália e de São Paulo. No artigo “Mapeamento de públicos para iniciativas acadêmicas de arquivamento da web”, Marina Rodrigues Martins e Moisés Rockembach apresentam a potencial rede de públicos estratégicos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, visando promover iniciativas de arquivamento da web no âmbito acadêmico.
Na sequência, Angélica Gasparotto de Oliveira, de instituição de ensino italiana, descreve, em “Preservação de Acervos Fílmicos no Distrito Federal”, como e onde é realizada a preservação de acervos fílmicos no estado. Fechando o eixo de trabalhos dessa natureza, no artigo “Bolsas de Estudo no Brasil: uma modalidade de fomento FAPESP à pesquisa em Comunicação”, Rodrigo Gabrioti compartilha parte dos resultados obtidos em sua tese de doutorado, em que pesquisou a legitimação, a contribuição e a construção da área da Comunicação no contexto das pesquisas apoiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) entre 1992 e 2016. “Esse período analisado sinaliza tendências da Comunicação, expõe relações acadêmicas instituídas, demonstra procedimentos de trabalho adotados nas mais diversas possibilidades acadêmicas e desperta o interesse de pesquisadores, desde as novas gerações até as mais experientes, com alguns sendo referências seminais para pensar, discutir e teorizar a Área”, demonstra Gabrioti (2020, p. 111).
Pesquisa e cidadania
O último eixo temático traz pesquisas produzidas por autores do Equador, Portugal e do Rio de Janeiro, que auxiliam na reflexão sobre o viver em sociedade e o papel de cada um de nós, seres humanos, enquanto cidadãos.
Assim, no artigo “Un proceso de investigación-acción en la sierra andina ecuatoriana. Radio Runacunapac y Radio Salinerito: cuando la precariedad impide lo comunitário”, Ana Tamarit, Belén Puñal e Noemí Gabriela Sánchez Cabrera mostram os resultados obtidos após um processo de investigação-ação realizado ao longo de quatro anos, por meio de dois estudos de casos em rádios comunitárias da cordilheira dos Andes equatorianos.
Já no trabalho “Violência policial e o debate no Twitter em Portugal: o caso do Bairro da Jamaica”, Beatriz Nascimento Teles identifica de que forma a violência é naturalizada no discurso público e quais os principais argumentos utilizados. Para isso, apresenta uma análise da comunicação no Twitter a respeito de um caso de violência policial ocorrido em um bairro do distrito de Setúbal, em Portugal.
Encerrando o eixo, no artigo “Futebol, gênero e homossociabilidade nas redes sociais: a masculinidade no circuito comunicacional do WhatsApp”, os autores constatam arranjos identitários e interacionais no circuito comunicacional de um grupo de “peladeiros” no WhatsApp. “A expressão da masculinidade essencializada como valor para fins de sociabilidade parece ter perdido lugar nos ambientes sociais contemporâneos sem que seja entendida pejorativamente como sexismo ou machismo. Assim, as redes sociais promovem ambiência para a criação de grupos fechados temáticos, redutos de homossociabilidade masculina livres do monitoramento social mais amplo”, concluem os pesquisadores (BRAGA; CARAUTA, 2020, p. 187).
Entrevista internacional
A entrevista do professor Ramón Salaverría, da Universidade de Navarra, na Espanha, concedida ao pesquisador Carlos Costa, da Faculdade Cásper Líbero, de São Paulo, sob o título “O jornalismo é tautológico! Pois é um fazer que contém em si todos os significados”, discute temas como ensino e tecnologia, jornalismo digital e a função do correspondente internacional no contexto da Internet.
Para finalizar, há também a resenha crítica “Os vários telejornalismos brasileiros”, do autor Gustavo Teixeira de Faria Pereira, sobre o livro “Epistemologias do telejornalismo brasileiro”. E a resenha “Desenvolvimento de conteúdos educacionais: dimensões sobre conceitos, gestão e produção”, de Angela Tamires Nascimento Alexandre, referente a obra “Produção de conteúdos educacionais”.
Para ler os artigos, acesse
Intercom, Rev. Bras. Ciênc. Comun. vol.43 no.1 São Paulo jan./abr. 2020
Links externos
Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação – INTERC: www.scielo.br/interc/
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