O que as crianças surdas dizem sobre a escrita?

Rosane Aparecida Favoreto da Silva, Doutora em Educação (USP), Professora da Educação de Surdos pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED-PR), Curitiba, PR, Brasil.

Alessandra Gotuzo Seabra, Doutora em Psicologia Experimental (USP), Professora do Programa de Pós-graduação em Distúrbios do Desenvolvimento da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), São Paulo, SP, Brasil.

O artigo Crianças surdas e experiências com a palavra escrita apresenta parte dos resultados de uma investigação (FAVORETO DA SILVA, 2020) sobre o processo de apropriação da língua portuguesa escrita, no início da escolaridade, por crianças surdas sinalizantes de Língua Brasileira de Sinais (Libras). O estudo descreveu como essas crianças fazem os seus registros e o que elas dizem sobre a escrita.

Para escrever em língua portuguesa uma criança surda necessita aprender um código novo, que é uma segunda língua, com o qual ela teve pouco ou nenhum contato anteriormente. O caminho percorrido pelas pessoas surdas para a apropriação da escrita tem como fator fundamental o aspecto visual e não a relação com a oralidade.

Imagem: Favoreto da Silva (2020)

Figura 1. Entrevista com uma criança.

Imagem: Favoreto da Silva (2020)

Figura 2. Uma produção escrita

Na pesquisa, constatou-se que, no início do processo, não há distinção entre as crianças surdas e as que são ouvintes; entretanto, evidencia-se uma diferenciação quando as crianças ouvintes relacionam o som com a grafia, caracterizando o elemento chave para a compreensão do mecanismo da escrita.

Problematizando o que poderia ser o ponto de virada para as crianças surdas, verificou-se que elas utilizam pistas visuais e fazem conjecturas relacionadas à consciência visual. Nesse caso, a compreensão da escrita é favorecida por uma alfabetização e letramento bilíngues que envolvam elementos como a escrita de sinais, a escrita diferida e a escrita bilíngue, a partir de bases diferentes daquelas utilizadas com as crianças ouvintes.

A criação de fontes originais com os dizeres das crianças surdas possibilita novas pesquisas sobre o seu processo de escolarização, caracterizando o entendimento da apropriação da língua portuguesa escrita por estas crianças.

Leia mais

FAVORETO DA SILVA, R.A. Experiências de crianças surdas com a palavra escrita. São Paulo: Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, 2020.

LEBEDEFF, T.B. (Org.). Letramento visual e surdez. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2017.

Para ler o artigo, acesse

FAVORETO DA SILVA, R.A. and SEABRA, A.G. Crianças surdas e experiências com a palavra escrita. Educação e Pesquisa [online]. 2022, vol. 48, e239142 [viewed 8 April 2022]. https://doi.org/10.1590/S1678-4634202248239142. Available from: https://www.scielo.br/j/ep/a/fTFzVHrWMfhHtNv54mtH7TR/?lang=pt

Link(s)

Educação e Pesquisa, volume 48: https://www.scielo.br/j/ep/i/2022.v48/

Rosane Favoreto da Silva – Research Gate: https://www.researchgate.net/profile/Rosane-Favoreto-Da-Silva

Educação e Pesquisa – EP: https://www.scielo.br/j/ep/

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

FAVORETO DA SILVA, R.A. and SEABRA, A.G. O que as crianças surdas dizem sobre a escrita? [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2022 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2022/04/11/o-que-as-criancas-surdas-dizem-sobre-a-escrita/

 

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Post Navigation