Independências e conflitos bélicos: a cultura de guerra na formação dos estados ibero-americanos

Daiane de Souza Alves, Assistente de Comunicação da Revista Almanack, Doutoranda em História pela UFOP, Belo Horizonte, MG, Brasil.

Logo especial do periódico Almanack em homenagem ao bicentenário da independênciaA importância histórica da dimensão bélica dos processos de crise das monarquias ibéricas da América e o surgimento dos Estados Nacionais é o objeto do artigo de Rodrigo Moreno Gutiérrez La cultura de guerra de las independências iberoamericas: perspectivas y possibilidades de estúdio a partir del caso mexicano, para a Revista Almanack, nº 31. O autor refletiu, a partir do caso da independência novohispana, sobre o conceito de cultura de guerra, compreendido, a partir de Eduardo González Calleja, como as práticas, experiências e representações forjadas durante o conflito e que englobam distintos elementos que possibilitam que os grupos sociais e os indivíduos deem sentido à natureza bélica dos conflitos e adaptem suas vidas às situações extremas criadas por eles.

Nesse sentido, tomando como ponto de partida o conceito de cultura de guerra, Gutiérrez analisou, para o caso mexicano, os impactos variados da guerra nas sociedades ibero-americanas nos primeiros anos do século XIX e os recursos que indivíduos e grupos utilizaram para reorganizar suas sociabilidades, organizações e condutas a partir da violência e da mobilização armada.

O artigo está organizado em três partes, de modo a observar e analisar a maneira como os conflitos influenciaram as práticas e experiências dos combatentes, dos não combatentes e a própria segurança e controle do Estado. Para o autor, a guerra contribui para a formação de um sentido próprio de vivência, da tomada de decisões e de experiências concretas dos indivíduos e de grupos a ponto de se organizarem transformações fundamentais na sociedade a partir dessa experiência.

No caso de combates, entre outros aspectos, a guerra obrigou que estes se adaptassem e transformassem parte de seus comportamentos e crenças, e assumissem para isso, novos papéis diante da sociedade. Para os não combatentes, além dos prejuízos gerais ocasionados pelos conflitos, possibilitou que crescessem os mecanismos de financiamento e, com isso, inúmeras redes e práticas clientelares de maior complexidade do que existia até então.

Por fim, em termos de controle e vigilância, a guerra vai impor uma maior necessidade de controle social e territorial que vai propiciar uma alteração fundamental no exercício de poder e a autoridade com que se regiam os domínios americanos até então. No que tange às transformações sofridas pelo Estado nacional moderno nos seus diferentes conflitos, é através da necessidade imposta pelas guerras que se delineiam, cotidianamente, a própria ideia de territorialidade vinculada ao senso de defesa e de uso de mecanismos armados para se reconhecer uma determinada ordem político fiscal.

 

Para ler o artigo, acesse

MORENO GUTIÉRREZ, R. La cultura de guerra de las independencias iberoamericanas: perspectivas y posibilidades de estudio a partir del caso mexicano. Almanack [online]. 2022, vol. 31, ef00922 [viewed 16 September 2022]. https://doi.org/10.1590/2236-463331ef00522. Available from: https://www.scielo.br/j/alm/a/qnmPT3xRWbDYWFsyXRNBdfB/?lang=es

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Como citar este post [ISO 690/2010]:

ALVES, D.S. Independências e conflitos bélicos: a cultura de guerra na formação dos estados ibero-americanos [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2022 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2022/09/16/independencias-e-conflitos-belicos-a-cultura-de-guerra-na-formacao-dos-estados-ibero-americanos/

 

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