EAD pode promover inclusão e equidade no ensino superior, mas ainda falta qualidade nos conteúdos

Sidney L. M. Mello, PhD, Professor titular, ex-reitor, Universidade Federal Fluminense (UFF), Membro da Academia Brasileira de Educação, Niterói, RJ, Brasil.

Marcelo J. Meriño, DSc, Professor Associado, Universidade Federal Fluminense (UFF), Coordenador do Laboratório de Tecnologia e Gestão de Negócios da Escola de Engenharia da UFF (LATEC), Núcleo de pesquisa avançada de caráter multidisciplinar, Niterói, RJ, Brasil.

Logo do periódico Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em EducaçãoO estudo Promover a inclusão e a equidade no Ensino Superior: este é o papel da Educação a Distância no Brasil? investiga como as matrículas atingiram um rápido aumento no ensino superior a distância (EAD) no Brasil e avalia se tem promovido inclusão, equidade e qualidade, conforme disseminado pelo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 4 (ODS 4) e pelo Plano Brasileiro de Educação (PNE).

A pesquisa documental foi realizada com base em dados sobre acesso, qualidade e equidade, por meio de variáveis como matrículas, marco regulatório, avaliação da qualidade, custo da educação, renda estudantil, gênero e etnia.

O crescimento da EAD tem sido global, com cerca de 21,3% das matrículas em todo o mundo (QAYYUM and ZAWACKI-RICHTER, 2019), crescimento que faz parte da massificação do ensino superior (ALTBACH, et al, 2010).

Número de estudantes nas modalidades presencial e a distância (eixo vertical) entre os anos de 2010 e 2020 (eixo horizontal). Em 2010, presencial estava com 1,8 milhões de estudantes, subiu um pouco em 2014 foi caindo até chegar em 2020 com 1,7 milhões de alunos. A distância tinha 380 mil estudantes em 2010, ficou estável até 2013, em 2014 começou a aumentar e terminou em 2 milhões de alunos. Em 2020, presencial tinha 47% dos alunos e a distância tinha 53% de alunos. Total de 3,7 milhões alunos.

Imagem: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).

Figura 1. Entre 2019 e 2020, o número de estudantes no ensino superior teve um aumento de 26,2% na modalidade a distância e uma queda de 13,9% nos cursos presenciais.

A pesquisa mostra que as matrículas EAD aumentaram nos últimos dez anos a uma taxa média de cerca de 12% e 29% do total de matrículas no ensino superior. O aumento foi acompanhado de maior inclusão e equidade, em razão da flexibilidade das aulas, custo e ampla oferta de cursos, em compasso com a massificação do ensino superior (e.g., ARRUDA and ARRUDA, 2015).

Porém há problemas na oferta limitada de cursos por áreas de conhecimento e no conteúdo pedagógico destes cursos. Além disso, há uma concentração de matrículas em poucas instituições privadas com fins lucrativos, o que afeta a qualidade do ensino, conforme resultados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) (BIELSCHOWSKY, 2018, 2020).

O artigo fornece uma visão de que a EAD amplia o acesso no ensino superior no Brasil de forma relevante. No entanto, destaca a necessidade de políticas públicas que tratem da oligopolização da EAD e de estratégias de avaliação em compasso com a educação digital.

Referências

ALTBACH, P.G., REISBERG, L. and RUMBLEY, L.E. Tracking a global academic revolution. Change: The Magazine of Higher Learning [online]. 2010, vol. 42, no. 2, pp. 30-39 [viewed 5 April 2023]. https://doi.org/10.1080/00091381003590845. Available from: https://www.taylorfrancis.com/chapters/edit/10.1201/9781003333036-4/

ARRUDA, E.P. and ARRUDA, D.E.P. Educação a distância no Brasil: políticas públicas e democratização do acesso ao ensino superior. Educ. rev. [online]. 2015, vol. 31, no. 3, pp. 321-338 [viewed 5 April 2023]. https://doi.org/10.1590/0102-4698117010. Available from: https://www.scielo.br/j/edur/a/L8pKJVB44tLnp5rTzNB3SvC/

BIELSCHOWSKY, C.E. Análise dos resultados do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) para educação a distância do ciclo 2015 a 2017. EaD em Foco [online]. 2018, vol. 8, no. 1, pp. 758 [viewed 5 April 2023]. https://doi.org/10.18264/eadf.v8i1.758. Available from: https://eademfoco.cecierj.edu.br/index.php/Revista/article/view/758

BIELSCHOWSKY, C.E. Tendências de precarização do ensino superior privado no Brasil. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação [online]. 2020, vol. 36, no. 1, pp. 241–271 [viewed 5 April 2023]. https://doi.org/10.21573/vol36n12020.99946. Available from: https://seer.ufrgs.br/rbpae/article/view/99946

MELLO, S.L.M., et al. Where is the Brazilian Higher Education Within the Sustainable Development Goal 4? River Publishers, 2022 [viewed 5 April 2023]. https://doi.org/10.1201/9781003333036-4. Available from: https://www.taylorfrancis.com/chapters/edit/10.1201/9781003333036-4/

QAYYUM, A. and ZAWACKI-RICHTER, O. Open and distance education in Asia, Africa, and the middle east: national perspectives in a digital age. In: ZAWACKI-RICHTER, O. and QAYYUM, A. (eds.). The state of open and distance education. Singapore: Springer, 2019.

Para ler o artigo, acesse

MELLO, S.L.M., et al.Promover a inclusão e a equidade no Ensino Superior: este é o papel da Educação a Distância no Brasil? Ensaio: aval. pol. públ. educ. [online]. 2023, vol. 31, no. 118, e0233736 [viewed 5 April 2023]. https://doi.org/10.1590/S0104-40362022003003736. Available from: https://www.scielo.br/j/ensaio/a/yp7VKpyfBP4VyxnQvdwkccc/

Links externos

Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação – ENSAIO: https://www.scielo.br/j/ensaio/

Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação – site: https://revistas.cesgranrio.org.br/index.php/ensaio

Sidney L. M. Mello – Orcid: https://orcid.org/0000-0003-4977-558X

Marcelo J. Meriño – Orcid: https://orcid.org/0000-0001-9165-2300

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

MELLO, S.L.M. AND MERIÑO, M.J. EAD pode promover inclusão e equidade no ensino superior, mas ainda falta qualidade nos conteúdos [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2023 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2023/04/05/ead-pode-promover-inclusao-e-equidade-no-ensino-superior-mas-ainda-falta-qualidade-nos-conteudos/

 

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