A natureza como um livro: o papel e o estatuto da ciência em Francis Bacon

Celi Hirata, Professora do Departamento de Filosofia da Universidade de São Carlos, São Carlos, SP, Brasil. 

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O estudo Francis Bacon e a imagem do livro da natureza, publicado no periódico Trans/Form/Ação, investiga como a metáfora do mundo natural como um livro desempenhou um expediente central na construção da concepção moderna de ciência, em dois de seus maiores expoentes: Francis Bacon e Galileu.  Ambos empregaram a imagem para evidenciar a especificidade da pesquisa da natureza em relação a outros saberes e libertá-la das amarras dos teólogos e dos comentários peripatéticos. No cerne dessas reflexões, estão questões como o papel da ciência e sua relação com os outros âmbitos da vida humana.

Fruto de uma pesquisa de cunho histórico, calcada principalmente na interpretação de textos, o artigo focaliza principalmente a filosofia de Francis Bacon, autor pouco estudado e compreendido, a despeito de sua colossal importância para a formação da modernidade. Em especial, a exploração da metáfora da natureza como livro permite delinear a força do projeto baconiano de reforma dos saberes e seu rompimento com uma longa tradição. 

Imagem vetorial de uma mão manuseando uma pipeta (instrumento de laboratório).

Imagem: Pixabay.

A partir dessa análise, destacamos como Bacon estabelece duas direções diferentes e complementares de reflexão sobre a ciência. De um lado, defende a liberdade e a autonomia do conhecimento da natureza, que possui o seu objeto e o seu método próprio. Por outro, não se cansa de enfatizar a função social da pesquisa científica, que deve ser orientada para o bem-estar da humanidade. Dessa forma, Bacon não pode ser reduzido a um arauto da razão instrumental. Ao contrário, a reforma do saber científico integra um projeto ético-político. Trata-se de um autor incontornável na reflexão sobre o lugar da ciência. 

Sobre Celi Hirata

É doutora em filosofia pela USP e professora na UFSCar. Suas pesquisas abordam o pensamento moderno.

Referências

BACON, F. A grande instauração. Tradução de Miguel Morgado. Lisboa: Edições 70, 2008.

BACON, F. Novum Organum ou verdadeiras indicações acerca da interpretação da natureza. (Coleção Os Pensadores). Tradução de José Aluysio Andrade. São Paulo: Abril, 1979. 

BACON, F. O progresso do conhecimento. Tradução de Raul Finker. São Paulo: Editora Unesp, 2006.

GALILEI, G. Ciência e Fé. Tradução de Carlos Nascimento. São Paulo: Editora Unesp, 2008.

Para ler o artigo, acesse

HIRATA, C. Francis Bacon e a imagem do livro da natureza. Trans/Form/Ação [online]. 2023, vol. 46, no. 4, pp. 75-98 [viewed 05 January 2024]. https://doi.org/10.1590/0101-3173.2023.v46n4.p75. Available from: https://www.scielo.br/j/trans/a/qhTQNtggK5DcCtMwjhWKYsN/  

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Como citar este post [ISO 690/2010]:

HIRATA, C. A natureza como um livro: o papel e o estatuto da ciência em Francis Bacon [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2024 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2024/02/05/a-natureza-como-um-livro-o-papel-e-o-estatuto-da-ciencia-em-francis-bacon/

 

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