Máscaras: qual a sua importância em uma pandemia?

Por Monica Taminato, Enfermeira, Mestre e Doutora em Ciências, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, SP; e Márcio Luís Duarte, Médico, Mestre e Doutorando em Saúde Baseada em Evidências, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Santos, SP, Brasil

Pesquisadores do grupo de Saúde Baseada em Evidências e Epidemiologia, Revisão Sistemática e Política em Saúde da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), publicaram no periódico Acta Paulista de Enfermagem (vol. 33), o estudo “Máscaras de tecido na contenção de gotículas respiratórias — revisão sistemática” com o objetivo de identificar e avaliar as melhores evidências científicas disponíveis sobre a eficácia e a segurança das máscaras de tecido para a comunidade.

Nesse trabalho de busca de pesquisas e melhores evidências que tratam do tema, foram consultadas diversas bases de dados, entre elas Cochrane, PubMed, EMBASE e Lilacs. Foram incluídos todos os artigos que tinham como objetivo verificar a eficácia e segurança do uso de máscaras de tecido como proteção contra a transmissão viral, bem como estudos laboratoriais que avaliassem barreiras de contenção de partículas. Sete estudos que avaliaram diferentes tecidos no bloqueio de gotículas de nível laboratorial e um estudo de revisão compuseram a revisão de literatura científica. A pesquisa realizada analisa a qualidade dos artigos existentes sobre o uso de máscaras de pano pela população e, dentre os estudos avaliados e excluídos por utilizarem máscaras cirúrgicas na população, todos demonstraram impactos na redução da transmissibilidade entre familiares e comunidade quando associadas às medidas de etiqueta respiratória e higienização das mãos.

Imagem: Dr. Márcio Luís Duarte, 2020.

Os estudos destacam a importância da aplicação das máscaras de pano e reutilizáveis como fator de proteção para sintomáticos domiciliares, cuidadores e pessoas que moram em habitações com muitos moradores, bem como para pessoas em deslocamento e em espaços com aglomerações, como transportes públicos. A segurança apresentada nas máscaras conforme a composição avaliada nos estudos aponta para alternativas seguras diante dos desafios em saúde pública relacionados às questões sociais e da necessidade de retorno gradativo e programado das atividades.

Ao final, concluiu-se que o uso de máscaras de tecido apresenta proteção contra contaminações por bactérias e vírus, mesmo com capacidade inferior quando comparadas as máscaras cirúrgicas e N95. No entanto, algumas combinações de tecidos mostrou uma capacidade bem aproximada.  As indicações do uso das máscaras para a população são baseadas nas experiências prévias no enfrentamento de síndromes respiratórias, especialmente em contextos de baixa ou média renda. No entanto, esta medida deve ser combinada com a higiene principalmente lavando as mãos, desinfecção das superfícies de muitos contatos, etiqueta de tosse e evitar tocar o rosto — todas as medidas combinadas são eficazes para impedir a transmissão do coronavírus. A indicação das máscaras têxteis é sustentada em pandemias e infecções emergentes, especialmente em contextos de baixa ou média renda. Diante da avaliação dos tecidos, uma máscara com ao menos duas camadas de algodão 600 TPI apresenta boa eficiência na proteção contra vírus e bactérias.