Lúcia Rolim Santana de Freitas, Editora Associada da Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do SUS, Ministério da Saúde, Brasília, Distrito Federal, Brasil.
A COVID-19, infecção respiratória aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, é potencialmente grave, de elevada transmissibilidade e de distribuição global. No mundo, cerca de 440 milhões de pessoas contraíram a doença, resultando em 5 milhões de óbitos até 3 de março de 2022. O Brasil superou a marca de 650 mil óbitos pela doença, e contabilizou 28 milhões de casos positivos. Até a mesma data, 155 milhões de pessoas receberam duas doses ou dose única contra a covid-19 no país, o que equivale a cerca de 72,3% da população.
Em artigo publicado no periódico Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do SUS (RESS, vol. 30, no. 4), intitulado Reestruturação dos serviços de emergência à COVID-19 no Brasil: uma análise espaço-temporal, fevereiro a agosto de 2020, Boitrago e colaboradores analisaram a reorganização do sistema de saúde voltado para a pandemia de COVID-19 em 2020. Os resultados do estudo demonstraram como a clusterização espaço-temporal pode ser ferramenta útil para auxiliar a tomada de decisão na alocação de recursos.
Os autores analisaram os padrões de clusterização espaço-temporal, por semana epidemiológica, da incidência por COVID-19 no Brasil, por meio da análise de emerging hot spot. Adicionalmente, foi avaliado o grau de acessibilidade aos leitos de unidade de tratamento intensivo (UTI) hospitalar no país, no período anterior à pandemia, bem como os padrões de acesso aos novos leitos de UTI habilitados para COVID-19. Foi identificada a sobreposição entre regiões categorizadas como áreas quentes com elevadas taxas de incidência e taxas de mortalidade por COVID-19, e regiões com baixo acesso a leitos gerais de UTI. Os pesquisadores destacaram que houve um aumento expressivo de leitos de UTI no país. Foram abertos mais de 14 mil leitos de UTI exclusivos para COVID-19. No entanto, recomendam que, visando suprir localidades com maiores desafios na forma de barreiras geográficas de acesso à saúde, a incorporação dos novos leitos para o Sistema Único de Saúde (SUS) ocorra de modo permanente, para reduzir os vazios assistenciais identificados nos municípios das regiões Norte, Nordeste e áreas isoladas do Sudeste do país.
No Brasil, há concentração de hospitais em áreas urbanas mais desenvolvidas e lacunas de acesso nas áreas rurais. A distribuição dos serviços de emergência não facilita o acesso da população, devido às barreiras geográficas associadas às grandes distâncias. Para suprir essas lacunas, é importante haver continuidade de investimentos no SUS, bem como melhoria da estrutura e da produção de serviços dos hospitais de pequeno porte, visando ao enfretamento dos grandes desafios impostos pelas situações de desastres, emergências em saúde pública e pandemias futuras.
Leia mais
HUGHES, H.M.F.B.G., et al. Evolução da COVID-19 em Santa Catarina: decretos estaduais e indicadores epidemiológicos até agosto de 2020. Epidemiologia e Serviços de Saúde [online]. 2021, vol. 30, no. 4, e2021521 [viewed 03 March 2022]. Available from: https://www.scielo.br/j/ress/a/tJTTQG7mXswxRrRgvP5QbXy/?lang=pt
ORELLANA, J.D.Y., et al. Letalidade hospitalar por COVID-19 em quatro capitais brasileiras e sua possível relação temporal com a variante Gama, 2020-2021. Epidemiologia e Serviços de Saúde [online]. 2021, vol. 30, no. 4, e2021709 [viewed 03 March 2022]. Available from: https://www.scielo.br/j/ress/a/BFQXknLkP36btJkvYK3xqcS/?lang=pt
Para ler o artigo, acesse
BOITRAGO, G.M., et al. Reestruturação dos serviços de emergência à COVID-19 no Brasil: uma análise espaço-temporal, fevereiro a agosto de 2020. Epidemiologia e Serviços de Saúde [online]. 2021, vol. 30, no. 4, e2020791 [viewed 03 March 2022]. https://doi.org/10.1590/S1679-49742021000400004. Available from: https://www.scielo.br/j/ress/a/nr9J78R9Ctxg93dTRN7j94D/?lang=pt .
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