Claudia Jurberg, Jornalista e Editora de Mídias Sociais das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil
Perto dos 116 anos do periódico Memórias do Instituto Oswaldo Cruz (MIOC), seus editores, Adeilton Brandão e Ana Carolina Vicente, anunciaram em um editorial uma mudança significativa: o periódico passa a adotar a avaliação por pares aberta, publicando todas as interações entre editores, avaliadores e autores junto aos artigos. A decisão alinha o periódico aos princípios da ciência aberta e busca maior transparência no processo editorial.
O editorial Opening the conversation in peer review, finally relembra a trajetória das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) desde sua criação em 1909, com destaque para a evolução dos métodos de submissão e avaliação de manuscritos. Inicialmente, o controle era feito por meio de cadernos físicos, parte dos quais se perdeu com o tempo e, apenas a partir da década de 1980, houve indícios da adoção da avaliação por pares externa. O processo evoluiu gradualmente, até se tornar digital como é atualmente.
Segundo os editores, a abertura do processo de avaliação por pares é parte de um esforço contínuo, nos últimos 10 anos, por práticas mais transparentes, menos barreiras à divulgação do conhecimento e maior democratização do acesso à ciência. Eles destacam a importância de reduzir custos de publicação e promover a ampla circulação de dados, reforçando o compromisso com uma ciência mais aberta e acessível.
O editorial também apresenta uma crítica contundente ao modelo vigente de avaliação científica, baseado em métricas, prestígio e quantidade de publicações, em detrimento da relevância e originalidade. Os editores questionam se o aumento na produção científica está, de fato, associado a maior criatividade ou inovação.
O periódico Memórias do IOC, com mais de 7 mil artigos publicados ao longo de sua história, é testemunha do crescimento exponencial da produção científica global. Os editores lembram que a verdadeira motivação da ciência deveria ser a busca por soluções para problemas relevantes, seja por meio da pesquisa aplicada ou básica, com reconhecimento genuíno aos que contribuem de forma significativa.
Por fim, alertam para os riscos de práticas fraudulentas e da superficialidade científica que crescem em paralelo à busca por prestígio. Em um cenário marcado por rankings e métricas, defendem a responsabilidade dos periódicos na curadoria de conteúdos realmente relevantes. Concluem que, com recursos escassos, é urgente reduzir a produção científica de baixo impacto e valorizar a qualidade acima da quantidade.
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BRANDÃO, A.A. and VICENTE, A.C.P. Opening the conversation in peer review, finally. Opening the conversation in peer review, finally. Mem. Inst. Oswaldo Cruz [online]. 2025, vol. 120, e250005 [viewed 25 September 2024]. https://doi.org/10.1590/0074-02760250005. Available from: https://www.scielo.br/j/mioc/a/RkXVtWdDRqcTtdvZnBPbd7F
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