Arranhadura de gato, febre, endocardite e alucinações: o que essas doenças têm em comum?

Claudia Jurberg, Jornalista e editora de Mídias Sociais das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil. 

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) adotaram uma abordagem proteômica para analisar a Bartonella quintana. As Bartonellas são um gênero de bactérias que se utilizam de artrópodes que se alimentam de sangue, como pulgas, mosquitos e carrapatos, como vetores de doenças. Apesar do progresso na compreensão da patogênese, o conhecimento da doença é limitado, incluindo fatores de virulência e alguns mecanismos biológicos.

Em virtude das lacunas ainda existentes sobre as doenças provocadas pelas Bartonellas, os pesquisadores Shabir Ahmad e Hugo Verli adotaram a abordagem proteômica para analisar a Bartonella quintana e identificaram que das 1197 sequências de proteicas do parasita, 660 proteínas não são homólogas ao hospedeiro humano. Análises adicionais usando o Banco de Dados de Genes Essenciais previram 159 proteínas essenciais, sendo 28 delas exclusivas do patógeno e previstas como potenciais alvos terapêuticos.

Os resultados da pesquisa foram recentemente publicados no periódico Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, em um artigo intitulado In silico identification of drug targets and vaccine candidates against Bartonella quintana: a subtractive proteomics approach.  

Imagem: AHMAD, S. and VERLI, H. (2024)..

Figura 1. Fluxograma de análise passo a passo para a análise proteômica subtrativa da Bartonella quintana. A caixa verde consiste no nome do patógeno (B. quintana tr. Toulouse), que é o primeiro passo da análise. A caixa verde representa os aspectos metodológicos em cada etapa da análise. A caixa dourada representa os dados homólogos e não essenciais e são descartados. A caixa azul claro representa os alvos não homólogos essenciais e terapêuticos.

Identificada pela primeira vez, durante a Primeira Guerra Mundial, em decorrência das infestações de piolhos, a Bartonella quintana pode infectar os seres humanos e causar desde sintomas leves, como febre, dor de cabeça e mal-estar, até sintomas mais graves, como endocardite, arranhadura de gato, alucinações e a febre das trincheiras, entre outras. Três espécies da bactéria (quintana, bacilliformis e henselae) são os principais agentes causadores de doenças humanas.

A gravidade das manifestações clínicas está, frequentemente, correlacionada com o estado imunológico do paciente. Além disso, o conhecimento limitado da doença, incluindo fatores de virulência e mecanismos reguladores específicos da Bartonella quintana; e o grande espectro de hospedeiros reservatórios animais, como gatos, cães, coelhos, roedores, cavalos, gado e outros animais selvagens, além dos vetores artrópodes que podem transmitir as bactérias entre animais e humanos, contribuem para que o ciclo da doença, sintomas, tratamento e seus vetores sejam ainda e constantemente foco de pesquisas e de preocupação para a saúde pública.

Referências

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Para ler o artigo, acesse

AHMAD, S. and VERLI, H. In silico identification of drug targets and vaccine candidates against Bartonella quintana: a subtractive proteomics approach. Mem. Inst. Oswaldo Cruz [online]. 2024, vol. 119, e230040 [viewed 08 May 2024]. https://doi.org/10.1590/0074-02760230040. Available from: https://www.scielo.br/j/mioc/a/h5bZhPqjk6TjCSPdHX8T9Xk/ 

Links externos

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