Fabiana Sabadini Rezende Niglio, Coordenadora de Comunicação, Brazilian Journal of Food Technology, Campinas, SP, Brasil.
Silvia Pimentel Marconi Germer, Editora adjunta, Brazilian Journal of Food Technology, Campinas, SP, Brasil.
Com o crescente interesse dos consumidores por alimentos prontos para o consumo, a demanda por vegetais minimamente processados tem aumentado significativamente. Esta classe de alimentos passa por poucas transformações entre a colheita e o consumo, conservando o frescor, a qualidade nutricional e sensorial.
A alface é um exemplo de hortaliça que vem sendo amplamente comercializada nesta forma. Trata-se de um alimento rico em fibras e vitaminas A, C e K. Contém, também compostos bioativos que apresentam propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. No entanto, durante o processamento mínimo da hortaliça podem ocorrer reações que comprometem sua vida útil, tais como murchamento, escurecimento e degradação de nutrientes.
Nesse contexto, pesquisadores da Universidade de Nãrino, da Colômbia, desenvolveram uma pesquisa que avaliou o efeito de tratamentos pós-colheita em alfaces. Os resultados foram divulgados no artigo Minimally processed lettuces: extending shelf life through packaging and treatment with salicylic acid and sodium chloride solutions, publicado pelo periódico Brazilian Journal of Food Technology (vol. 28, 2025).
Nos ensaios, empregaram-se alfaces (var. Batavia) fornecidas por uma associação de agricultores familiares. As folhas foram removidas dos caules, lavadas e selecionadas. Na sequência, foram cortadas em tiras e submersas por 10 minutos à temperatura de 19 °C, em soluções aquosas de sais, seguindo metodologia de Arthur (2015) e El-Beltagi (2022): cloreto de cálcio (CaCl₂ ) (2%); ácido salicílico (AS) (2 mM); CaCl₂ (2%) e mais ácido salicílico (2 mM). Posteriormente, o excesso de água foi retirado empregando-se centrífuga manual. As folhas foram embaladas em sacos de polietileno, seladas a vácuo ou na pressão atmosférica, e armazenadas a 4 °C por 16 dias. Da mesma forma, um tratamento controle com banho em água pura também foi realizado.
Periodicamente, foram efetuadas análises das propriedades físico-químicas das amostras. No início e no final do período de monitoramento foram determinados teores de polifenóis (ácido cafeico, ácido clorogênico e quercitina) por cromatografia líquida de alta eficiência, de acordo com os métodos modificados de Bojilov (2020) e Materska (2019).
O tratamento que apresentou menor perda de peso, de 0,2%, correspondeu ao emprego da solução de CaCl₂ com AS, e embalagem a vácuo. O resultado representa uma redução aproximada de 70% da perda observada no tratamento controle.
Por sua vez, o tratamento com CaCl₂, com embalagem a vácuo mostrou menor degradação de compostos, tais como clorofilas e vitamina C, assim como menor índice de escurecimento. Os resultados deste tratamento mostraram que houve diferença significativa em comparação ao não uso de vácuo na embalagem. No entanto, todos os tratamentos empregados, inclusive o controle, resultaram em baixos teores dos bioativos, e da capacidade antioxidante.
O estudo revelou, portanto, que o uso das soluções, associado ao emprego do vácuo na embalagem, prolongou a vida útil da alface minimamente processada, com uma boa preservação de vários aspectos da qualidade. Os processos podem ser facilmente implementados por agroindústrias, trazendo benefícios aos produtores rurais, com uma maior agregação de valor, bem como aos consumidores, com a oferta de um produto prático, nutritivo e de maior vida útil.
Além disso, sabe-se que o processamento mínimo contribui para a mitigação de perdas nas cadeias produtivas de hortaliças, apresentando, também, um melhor gerenciamento dos resíduos.
Para ler o artigo, acesse
MORILLO, D.M.C., et al. Minimally processed lettuces: extending shelf life through packaging and treatment with salicylic acid and sodium chloride solutions. Brazilian Journal of Food Technology [online]. 2025, vol. 28, e2023116 [viewed 22 April 2025]. https://doi.org/10.1590/1981-6723.11623. Available from: https://www.scielo.br/j/bjft/a/BHfbFFrGbGPNcmcMT9YtFvc/
Referências
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MATERSKA, M., et al. Polyphenolic profiles in lettuce (Lactuca sativa L.) after CaCl2 treatment and cold storage. European Food Research and Technology [online]. 2019, vol. 245, no. 3, pp. 733-744 [viewed 22 April 2025]. http://doi.org/10.1007/s00217-018-3195-0. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007/s00217-018-3195-0
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