Como é o comportamento e a percepção dos estudantes de Odontologia sobre a higiene das mãos?

Eliana Dantas da Costa, pós-graduanda da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (UNICAMP), Piracicaba, SP, Brasil

Glaucia Maria Bovi Ambrosano, professora Titular Doutora da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (UNICAMP), Piracicaba, SP, Brasil

Camila Pinelli, professora Assistente Doutora da Faculdade de Odontologia de Araraquara (UNESP), Araraquara, SP, Brasil

O artigo “Comportamento e percepção de práticas de higiene das mãos entre os estudantes de Odontologia”, publicado na RGO, Revista Gaúcha de Odontologia, volume 64, número 4 de 2016, mostra que os alunos de graduação em Odontologia apresentaram conhecimento adequado em relação aos protocolos de higienização das mãos. Entretanto, admitiram que apresentavam comportamento negligente com a prática de higiene das mãos, sendo justificado pela pressa e por esquecimento. Além disso, afirmaram que falhas de infraestrutura das pias e a falta de reposição material de consumo prejudicavam a adesão.

Apesar de todo conhecimento adquirido em relação aos protocolos, os estudantes relataram que nem sempre lavavam as mãos antes e após o uso das luvas de procedimento. Por outro lado, relataram ter a percepção de que muitos cirurgiões-dentistas e alguns de seus próprios professores eram negligentes quanto à higiene das mãos, especialmente antes de calçarem e após retirarem as luvas de procedimento. Também relataram sentir receio de sofrerem contaminação cruzada, caso fossem atendidos por profissionais de Odontologia que não lavassem as mãos.

Nesse sentido, torna-se importante a utilização de medidas educativas e motivacionais, não apenas entre os estudantes, mas também aplicadas ao corpo docente, devido a sua influência como modelos profissionais na rotina dos alunos em clínica. Adicionalmente, deve-se proporcionar a melhoria nas cubas e torneiras das pias, bem como a reposição de papel e sabão, os quais mostraram-se como fatores que interferiram negativamente na adesão à higiene das mãos.

Assim, observou-se que apesar da existência de protocolos sobre a higiene das mãos, fatores cognitivos, sociais, motivacionais, comportamentais e de conscientização, desempenham um importante papel na adesão à prática. Dessa maneira, pode-se afirmar que o comportamento em higiene das mãos é determinado pela atuação de três tipos de influências psicológicas: o hábito (comportamento aprendido, automático), a motivação (sentimentos de aversão, conforto e medo) e o planejamento.

Sendo assim, em busca da compreensão quanto à interferência desses fatores humanos sobre a prática de higiene das mãos entre os estudantes, o estudo utilizou-se da pesquisa quali-quantitativa, por meio do discurso do sujeito coletivo, desenvolvida com entrevista gravada e um roteiro de perguntas abertas, objetivando verificar os fatores que interferiam com a prática de higiene das mãos.

Embora estudos qualitativos tenham sido desenvolvidos na área da saúde¹, esse foi o primeiro estudo com abordagem qualitativa a abordar a prática de higiene das mãos entre estudantes de Odontologia, ainda durante a fase de formação profissional.

Referências

JOSHI S.C., et al. Qualitative study on perceptions of hand hygiene among hospital staff in a rural teaching hospital in India. J Hosp Infect [online]. 2012, vol. 80, no. 4, pp. 340-344.

MARIWAH S., HAMPSHIRE K. and KASIM A. The impact of gender and physical environment on the handwashingbehaviour of university students in Ghana. Trop Med Int Health [online]. 2012, vol. 17 no. 4, pp. 447-454.

Para ler o artigo, acesse:

COSTA, E. D., AMBROSANO, G. M. B. and PINELLI, C. Comportamento e percepção de práticas de higiene das mãos entre os estudantes de Odontologia. RGO, Rev. Gaúch. Odontol. [online]. 2016, vol. 64, no. 4, pp. 434-441 [viewed 24 January 2017]. Available from: http://ref.scielo.org/cq9zbq

Link externo

RGO – Revista Gaúcha de Odontologia: <http://www.scielo.br/rgo>