Complicações em pacientes submetidos a procedimentos neurocirúrgicos

Por Solange Diccini, professora associada, Escola Paulista de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil

Ellen Maria Pires Siqueira e Solange Diccini, pesquisadoras do Grupo de Estudos e Pesquisa em Enfermagem em Neurociência e Dor (Escola Paulista de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo),  avaliaram e compararam as complicações sistêmicas, neurológicas e a mortalidade entre os pacientes submetidos ao procedimento neurocirúrgico eletivo ou de urgência/emergência. Estudo realizado no hospital universitário de grande porte da cidade de São Paulo, SP, Brasil. Os resultados e conclusões desta pesquisa foram publicados na Acta Paulista de Enfermagem (vol. 30, n. 1, janeiro de 2017).

Complicações neurológicas no pós-operatório de cirurgias cranianas eletivas incluem diminuição do nível de consciência, vasoespasmo cerebral, convulsões refratárias, reoperação, hemiparesia e hematoma intraparenquimatoso. Em cirurgias não eletivas são relatadas complicações como hipertensão intracraniana, déficits motores, hematoma subdural recorrente, hemorragia intraparenquimatosa, vasoespasmo e convulsões. As complicações sistêmicas no pós-operatório de neurocirurgias eletivas incluem náuseas e vômitos, hipotensão, desconforto respiratório e infecção do sítio cirúrgico. Em cirurgias não eletivas, também estão presentes dor e infecções nosocomiais. A taxa de mortalidade é de 1% após neurocirurgia eletiva e de 29% após uma neurocirurgia de urgência/emergência. Complicações pós-operatórias aumentam o risco de morte em ambos os grupos (BUI, et al., 2011; IBAÑEZ, et al., 2014; ROLSTON, et al., 2014).

No total foram incluídos 202 pacientes no estudo, divididos em 2 grupos neurocirúrgicos: cirurgia eletiva (n=127) e cirurgia de urgência/emergência (n=75). As complicações sistêmicas foram semelhantes nos dois grupos (98,3% cirurgia eletiva x 98,5% cirurgia de urgência/emergência, p>0,99), bem como as complicações neurológicas (45,5% cirurgia eletiva x 52,9% cirurgia de urgência/emergência, p=0,402). Os pacientes do grupo cirurgia eletiva apresentaram mais dor (p<0,001) e vômitos (p=0,010), enquanto que os pacientes do grupo cirurgia de urgência/emergência apresentaram mais hipertensão intracraniana (p=0,001), anisocoria (p=0,002), vasoespasmo cerebral (p=0,043), ausência de fotorreação pupilar (p=0,006) e reoperação (p=0,046). A mortalidade foi de 5,5% nos pacientes do grupo cirurgia eletiva e de 26,7% nos pacientes do grupo cirurgia de urgência/emergência (p<0.001).

As complicações sistêmicas e neurológicas estão presentes tanto no pós-operatório de neurocirurgias eletivas como em cirurgias realizadas na urgência ou emergência. O conhecimento da frequência e do tipo destas complicações podem desencadear medidas preventivas ou de identificação precoce no pós-operatório, com diminuição na morbidade e mortalidade hospitalar.

Referências

BUI, J.Q., et al. Is postoperative intensive care unit admission a prerequisite for elective craniotomy? J Neurosurg. 2011, vol. 115, no. 6, pp. 1236-1241.

IBAÑEZ, F.A.L., et al. A new classification of complications in neurosurgery. World Neurosurg. 2011, vol. 75, no. 5/6, pp. 709-715.

ROLSTON, J.D., et al. Frequency and predictors of complications in neurological surgery: national trends from 2006 to 2011. J Neurosurg. 2014, vol. 120, no. 3, pp. 736-745.

Para ler o artigo, acesse:

SIQUEIRA, E.M.P. and DICCINI, S. Complicações pós-operatórias em neurocirurgia eletiva e não eletiva. Acta paul. enferm. [online] 2017,  vol. 30, no. 1, pp. 101-108 [viewed 17 May 2017]. DOI: 10.1590/1982-0194201700015. Available from: http://ref.scielo.org/vsdz2w

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Acta Paulista de Enfermagem – APE: <http://www.scielo.br/ape>