Por Maria Cecília de Souza Minayo, Editora-chefe e Luiza Gualhano, Assistente de comunicação, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
O volume 24, número 5 de Ciência & Saúde Coletiva, apresenta a pesquisa qualitativa de qualidade na qual contribui para o desenvolvimento do conhecimento empírico, estético, pessoal, ético, biomédico e social. O aumento desses estudos qualitativos e mistos no setor da saúde, em que pese às vezes, a pouca qualidade científica de alguns deles, tem permitido uma internalização cada vez maior de sua relevância na área médica e de saúde em geral, pois existe um mal-estar tanto dos profissionais como da população e dos pacientes com uma medicina apenas prescritiva ou mediada por exames e imagens (URIBE, et al., 2019). O célebre sociólogo William Thomas (1970) já dizia que: “se alguém pensa que alguma coisa é real, ela é real em suas consequências”, evidenciando o valor e a força das crenças, das representações e das opiniões nas relações e nos processos humanos mais profundos. Também Ribeiro, Souza e Costa (2016) vêm ressaltando a inseparabilidade dos fenômenos em relação a seu contexto como alicerce da investigação qualitativa, pois é impossível discernir opiniões, percepções e significados dos indivíduos silenciando o que repercute sobre eles, no mundo em que vivem (SOUSA, et al., 2019).
É claro que qualquer pessoa quer o melhor médico tecnicamente competente para tratá-la e os melhores profissionais para cuidá-la. Mas é preciso que a importante equipe que trata do mais pobre ao mais rico tenha compreensão e empatia, virtudes fundamentais dos que praticam a pesquisa qualitativa. Atualmente, grandes periódicos da área como Lancet, Nature, British Journal (TAQUETTE; MINAYO, 2015) passaram a acolher estudos qualitativos sobre situações de saúde, agravos, cuidados paliativos, a morte, o morrer e o luto, o que constitui um avanço da visão científica sobre os fenômenos humanos e sociais. Ciência & Saúde Coletiva sempre reservou espaço para esse tipo de abordagem, mas ainda falta muito.
A esperança é que edições temáticas como esta possam ser lidas não apenas pelos já iniciados, mas também pelos profissionais médicos e da grande área de saúde, sabendo que a articulação de saberes é crucial para o desenvolvimento da saúde individual e coletiva.
Referências
RIBEIRO, J., SOUZA, D.N. and COSTA, A.P. Investigação qualitativa na área da saúde: por quê? Ciênc. saúde coletiva [online]. 2016, vol. 21, no. 8, pp. 2324-2324, ISSN: 1413-8123 [viewed 11 June 2019]. DOI: 10.1590/1413-81232015218.15612016. Available from: http://ref.scielo.org/3k5qbb
SOUSA, I.V., et al. Enfrentamento de problemas que impactam na saúde de uma comunidade socialmente vulnerável sob a ótica dos moradores. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2019, vol. 24, no. 5, pp. 1647-1656, ISSN: 1413-8123 [viewed 11 June 2019]. DOI: 10.1590/1413-81232018245.04392019. Available from: http://ref.scielo.org/gpp44x
TAQUETTE, S.R. and MINAYO, M.C.S. Características de estudos qualitativos conduzidos por médicos: revisão da literatura. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2015, vol. 20, no. 8, pp. 2423-2430, ISSN: 1413-8123 [viewed 11 June 2019]. DOI: 10.1590/1413-81232015208.18912014. Available from: http://ref.scielo.org/fpp7ms
THOMAS, W. The definition of the situation. In: COSER, L.A. and ROSEMBERG, B. (ed.). Sociological theory. Toronto: Mcmillan Co., 1970.
URIBE, C., et al. Barriers to access to palliative care services perceived by gastric cancer patients, their caregivers and physicians in Santander, Colombia. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2019, vol. 24, no. 5, pp. 1597-1607, ISSN: 1413-8123 [viewed 11 June 2019]. DOI: 10.1590/1413-81232018245.04432019. Available from: http://ref.scielo.org/sgzpxj
Para ler os artigos, acesse
Ciênc. saúde coletiva vol.24 no.5 Rio de Janeiro May 2019
Link externo
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