Janaina Aparecida Tintori, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, SP, Brasil.
Investigar mortalidade materna é importante por se tratar de um potente indicador de saúde que reflete as condições sociais, econômicas e de qualidade de vida das pessoas que vivem em um determinado local.
O artigo intitulado Epidemiologia da morte materna e o desafio da qualificação da assistência, de Tintori et al (2022), foi constituído por uma população de mulheres que morreram durante a gestação, parto ou no pós-parto, residentes em um dos 26 municípios da área de abrangência do Departamento Regional de Saúde de Ribeirão Preto, no período de 2011 a 2016.
No total foram 36 mortes maternas e a maioria dessas mulheres estavam na faixa etária de 20 a 29 anos (63,9%) e possuíam renda (30%). A maioria era solteira (50%) e o perfil de escolaridade, raça/cor e paridade encontrado nesse território não correspondeu a realidade do Brasil e do mundo, pois a maioria das mortes ocorreram em mulheres brancas (66,7%) com oito ou mais anos de estudo (52,8%), incluindo mulheres com ensino superior completo (13,9%) e mulheres que estavam grávidas de seu primeiro filho (41,7%). Um ponto comum é o pós-parto (69,5%) como o período mais crítico para essas mulheres, culminando no momento de maior registro de mortes.
Quanto à assistência, 72,2% acessaram o pré-natal no início da gestação e 50% possuíam sete ou mais consultas, conforme preconiza o Ministério da Saúde. A maioria das mortes aconteceu em ambiente hospitalar (91,7%) com assistência médica (72,8%).
Um fator que chama a atenção, além do perfil dessas mulheres, é a causa das mortes, não tendo uma condição clínica com maior destaque, sendo assim, não foi possível identificar a comorbidade com maior impacto na vida dessas mulheres, os agravos se repetiam em todas elas: hemorragia, hipertensão na gravidez e infecção. Detalhe que chama a atenção para a qualificação da assistência.
A morte materna continua sendo um desafio para a assistência obstétrica na região, no Brasil e no mundo. É fundamental que os profissionais e instituições estejam comprometidos e alicerçados em evidências científicas atualizadas. Estudar mortalidade materna é permitir que mulheres tenham direito a vida após o parto.
Leia mais
OPAS. Organização Pan-Americana da Saúde. Saúde Materna [viewed 14 April 2022]. Available from: https://www.paho.org/pt/node/63100#:~:text=A%20mortalidade%20materna%20%C3%A9%20inaceitavelmente,a%20gravidez%20e%20o%20parto.
Para ler o artigo, acesse:
TINTORI, J.A., et al. Epidemiologia da morte materna e o desafio da qualificação da assistência. Acta Paulista de Enfermagem [online]. 2022, vol. 35, eAPE00251 [viewed 14 April 2022]. https://doi.org/10.37689/acta-ape/2022AO00251. Available from: https://www.scielo.br/j/ape/a/HYMZJ8NRfyM77wNsWHxgmsr/
Link(s)
Acta Paulista de Enfermagem – APE: https://www.scielo.br/ape
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