Ana Luiza Silva Oliveira, Linceu Editorial, São José dos Campos, SP, Brasil
Mariana Silva Oliveira, Linceu Editorial, São José dos Campos, SP, Brasil
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil possui o maior sistema público de transplantes do mundo, tornando-se referência nessa área. No entanto, a desproporção entre a oferta e a demanda de tecidos ainda é um desafio importante para o atendimento do público nas listas de espera. Dentre os motivos para esse fenômeno, a não-autorização das famílias dos possíveis doadores é apontada como a principal barreira para o crescimento do número de doações.
Nesse sentido, a fim de compreender os fatores e experiências que motivaram a recusa dos familiares, Anderson Galante, Leila Bernarda Donato Göttems e Tommy Akira Goto desenvolveram o estudo Análise Fenomenológica de Vivências Psicológicas que Motivaram a Não Doação de Órgãos no Brasil, publicado no Brazilian Journal of Transplantation (vol.28), em 2025.
A pesquisa foi realizada através de um desenho exploratório, qualitativo e fenomenológico-empírico. Assim, a equipe buscou apreender as vivências dos participantes sem a interferência de ideias preconcebidas ou juízos prévios. Dessa maneira, a amostra final foi composta por 56 familiares, em diferentes regiões geográficas. A partir dos dados obtidos nas entrevistas, os autores sintetizaram pontos-chave dos relatos, nos quais encontraram temáticas relevantes organizadas em um significado invariante e demais significados variantes.

Imagem: Tara Winstead via Pexels
Os resultados evidenciaram que o significado invariante identificado nos relatos foi a desconfiança em relação ao sistema de transplantes, presente em todas as entrevistas. Entre os significados variantes, apareceram questões como prolongamento do sofrimento familiar, insegurança na tomada de decisão, injustiça, desamparo psicológico, desrespeito, ameaça e pesar. Essas vivências afetivo-cognitivas, ligadas à percepção, à motivação psíquica e ao impulso de proteção, se articulam e explicam a resistência das famílias em autorizar a doação.
Diante desse cenário, os autores destacam a importância de estratégias voltadas para o fortalecimento da confiança da população no sistema de transplantes. Investir em acolhimento qualificado, comunicação transparente e políticas públicas que ampliem o diálogo entre equipes de saúde e familiares pode contribuir para reduzir a recusa e, assim, aumentar as taxas de doação de órgãos no país. O estudo, portanto, oferece subsídios essenciais para repensar práticas e políticas, oferecendo caminhos para ampliar as doações de órgãos no Brasil.
Para ler o artigo, acesse
GALANTE, A., GÖTTEMS, L.B.D. and GOTO, T.A. Análise Fenomenológica de Vivências Psicológicas que Motivaram a Não Doação de Órgãos no Brasil. Brazilian Journal of Trnasplantation [online]. 2025, vol. 28, e3225 [viewed 02 September 2025]. https://doi.org/10.53855/bjt.v28i1.681_PORT. Available from: https://www.scielo.br/j/bjt/a/CnBnWNFs46MTs7KgLWrvzSr
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