Por Deborah Rezende, Dehlicom – Soluções em Comunicação Empresarial, Assessoria da Sociedade Brasileira de Cardiologia, São Paulo, SP, Brasil
O artigo “O coração e a COVID-19: o que o cardiologista precisa saber”, publicado no Arquivos Brasileiros de Cardiologia (vol. 114, no. 5), faz a revisão nos procedimentos médicos para auxiliar o clínico, o emergencista, o cardiologista e o intensivista na assistência aos pacientes com COVID-19 portadores de doenças cardiovasculares, propondo um algoritmo de avaliação para a detecção precoce de complicações, além de recomendar protocolos de tratamento de complicações cardiovasculares nesses pacientes.
O estudo se fez necessário a partir da análise de 44.672 casos confirmados de COVID-19, em Whuan, na China, em que pacientes com fatores de riscos cardiovasculares (idade avançada, hipertensão e diabetes), assim como aqueles com problemas cardiovasculares (como doença arterial coronária, cardiomiopatias e doença cerebrovascular) estão suscetíveis a desenvolver a forma grave da infecção pelo novo coronavírus e complicações cardiovasculares, sendo classificados como grupo de risco. Enquanto a taxa de letalidade geral por COVID-19 é de 2,3%, nos portadores de doenças cardiovasculares ela chega a 10,5%. Especificamente em diabéticos, esta taxa ficou 7,3% e em hipertensos, 6%.
Já se sabe que aproximadamente 80% dos pacientes com a forma grave da infecção pelo novo coronavírus têm alguma comorbidade e também foram descritas complicações pulmonares e cardiovasculares decorrentes da COVID-19, como injúria miocárdica (20% dos casos), arritmias (16%), miocardite (10%), além de insuficiência cardíaca e choque (até 5% dos casos).
Após uma meta-análise de estudos internacionais das consequências da COVID-19 no sistema cardiovascular, até abril de 2020, sobre a infecção provocada pelo SARS-CoV-2 em portadores de doenças cardiovasculares, os autores constataram que esses são pacientes graves, precisam de uma abordagem rápida e propuseram a utilização de um fluxograma para auxiliar o cardiologista no manejo desses pacientes. O fluxograma tenta ver os pacientes de mais riscos, inclui a avaliação ventricular por meio do ecocardiograma e avaliação cardiovascular com eletrocardiograma e biomarcadores cardíacos. A revisão propõe como deve ser feito o tratamento da COVID-19 e das complicações cardiovasculares. Aborda as paradas cardiorrespiratórias e as manobras de ressuscitação cardiovasculares nos pacientes com a COVID-19.
Os autores concluírem que como a COVID-19 é potencialmente grave e apresenta elevado índice de disseminação e os dados atuais disponíveis são de estudos predominantemente retrospectivos, eles devem ser interpretados com cautela. Entretanto, as evidências atuais já mostram a necessidade de atenção especial aos pacientes do grupo de risco e a importância de um manejo adequado das complicações cardiovasculares, com rápida identificação e implementação de tratamento adequado.
Recomenda-se intensificar os cuidados e as medidas de prevenção contra a infecção pelo novo coronavírus na população de pacientes portadores das doenças cardiovasculares. Os pacientes cardiopatas devem ser conduzidos de acordo com as diretrizes vigentes, assegurando-se o melhor tratamento disponível para as enfermidades crônicas. E que esses pacientes mantenham rigorosa aderência a dieta adequada, sono regular e atividade física, evitando exposição ao tabagismo e ao etilismo. A atualização das vacinas é importante, incluindo pneumocócica, devido ao risco aumentado de infecção bacteriana secundária pelo SARS-CoV-2, além da vacina3, contra influenza.
Também indica o uso da telemedicina, recomentada pelo Conselho Federal de Medicina e autorizada pelo Ministério da Saúde, desde março deste ano, enquanto durar a pandemia, para ser utilizada como opção para o acompanhamento desses pacientes, por ser uma ferramenta útil, especialmente para os pacientes de alto risco por proporcionar a diminuição da exposição às contaminações pelo SARS-CoV-2 e auxiliar no controle das comorbidades.
Assista ao vídeo de Isabela Bispo Santos da Silva Costa trazendo maiores contribuições sobre o assunto.
Para ler o artigo, acesse
COSTA, I.B.S. da S., et al. O Coração e a COVID-19: O que o Cardiologista Precisa Saber. Arq. Bras. Cardiol. [online]. 2020, vol. 114, no. 5, pp. 805-816, ISSN: 1678-4170 [viewed 13 July 2020]. DOI: 10.36660/abc.20200279. Available from: http://ref.scielo.org/8h4wdw
Link externo
Arquivos Brasileiros de Cardiologia – ABC: <www.scielo.br/abc>
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