Estudo identifica entraves na linha de cuidado do câncer do colo do útero no SUS

Por Laeticia Jensen Eble, Secretaria executiva do periódico Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, DF, Brasil

As pesquisadoras Caroline Madalena Ribeiro, do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca), e Gulnar Azevedo e Silva, do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, realizaram uma avaliação normativa da linha de cuidado do câncer de colo do útero no Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados foram coletados em fevereiro de 2017, a partir de informações registradas em sistemas de informações em saúde e disponíveis no site do Departamento de Informática do SUS (DataSUS). O monitoramento e a avaliação da produção dos procedimentos de investigação diagnóstica e tratamento são fundamentais para garantir o sucesso no enfrentamento da doença.

Os resultados foram disponibilizados no artigo intitulado “Avaliação da produção de procedimentos da linha de cuidado do câncer do colo do útero no Sistema Único de Saúde do Brasil em 2015”, publicado no periódico Epidemiologia e Serviços de Saúde (vol. 27, no. 1). O estudo aponta que, em 2015, foram realizados apenas metade dos exames citopatológicos estimados como necessários para atender à população-alvo. O número de biópsias também foi bastante inferior, apresentando o maior déficit em todas as regiões do país. Por outro lado, o número de colposcopias e de tratamentos de lesões precursoras apresentaram uma produção cerca de três vezes superior ao estimado como necessário, o que pode indicar que tais procedimentos estejam sendo adotados em desacordo com recomendações do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011, 2016).

No estudo, as autoras observam que, apesar de poder ser constatada uma redução na mortalidade por câncer do colo do útero no Brasil, ainda existem diferenças importantes nas taxas de incidência entre as regiões do país, ligadas às desigualdades de acesso e de qualidade da assistência às pacientes. As maiores taxas de incidência e mortalidade por câncer do colo do útero foram observadas nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, onde também foram encontrados os maiores déficits de procedimentos. Estes resultados sugerem que as dificuldades na organização da rede assistencial têm importantes implicações no controle efetivo da doença.

Em conclusão, os dados reunidos no artigo podem oferecer subsídios a outras reflexões e ao planejamento de ações, para que os déficits de exames de rastreamento e biópsias encontrados sejam avaliados e corrigidos, deixando de representar um entrave na linha de cuidado do câncer do colo do útero.

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde – Departamento de Análise de Situação de Saúde. Plano de ações estratégicas para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no Brasil, 2011-2022. Brasília: Ministério da Saúde, 2011 [viewed in 01 February 2018]. Available from: https://goo.gl/aqiPcL

BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero. Rio de Janeiro: INCA, 2016 [viewed in 01 February 2018]. Available from: https://goo.gl/jgPYkN

Para ler o artigo, acesse:

RIBEIRO, C. M. and SILVA, G. A. Avaliação da produção de procedimentos da linha de cuidado do câncer do colo do útero no Sistema Único de Saúde do Brasil em 2015. Epidemiologia e Serviços de Saúde [online]. 2018, vol. 27, no. 1, e20172124, ISSN: 2237-9622 [viewed in 01 February 2018]. DOI: 10.5123/S1679-49742018000100004. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237-96222018000100304&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

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EBLE, L.J. Estudo identifica entraves na linha de cuidado do câncer do colo do útero no SUS [online]. SciELO em Perspectiva | Press Releases, 2018 [viewed ]. Available from: https://pressreleases.scielo.org/blog/2018/02/22/estudo-identifica-entraves-na-linha-de-cuidado-do-cancer-do-colo-do-utero-no-sus/

 

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