Fabiana Sabadini Rezende Niglio, Coordenadora de Comunicação, Brazilian Journal of Food Technology, Campinas, SP, Brasil.
Silvia Pimentel Marconi Germer, Editora adjunta, Brazilian Journal of Food Technology, Campinas, SP, Brasil.
Conhecida por suas propriedades medicinais, a folha de oliveira (Olea europaea L.) tem sido utilizada tradicionalmente em infusões com finalidades terapêuticas. Rica em polifenóis, como a oleuropeína, a planta desperta interesse crescente da ciência devido ao seu potencial antioxidante, anti-inflamatório e até neuroprotetor. Esses compostos atuam no combate aos radicais livres e podem ajudar na prevenção de doenças degenerativas e cardiovasculares.
No entanto, a forma como o chá é preparado pode influenciar diretamente a quantidade e o tipo de compostos bioativos presentes na bebida. Foi o que revelou uma pesquisa publicada no Brazilian Journal of Food Technology (vol. 28, 2025), com o título Influence of the preparation method on the bioactive compounds of olive tree leaf tea.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Apta Regional de Piracicaba avaliaram como diferentes formas de preparo do chá de folhas de oliveira (Olea europaea L.) influenciam a quantidade de compostos bioativos e antioxidantes da bebida. Os resultados revelam que o método de fervura libera mais compostos fenólicos e eleva a capacidade antioxidante do chá — importantes para combater radicais livres associados a doenças crônicas. Por outro lado, esse método reduz significativamente os níveis de flavonoides, outro grupo de substâncias benéficas à saúde.
Foram comparados dois métodos caseiros: infusão (água quente sem ferver) e fervura por 10 minutos. Além disso, parte dos chás foi submetida à liofilização, técnica de desidratação que remove a água do produto por congelamento e sublimação, preservando compostos sensíveis ao calor e aumentando sua estabilidade e vida útil. Esse processo é altamente eficaz na preservação da estrutura e da atividade antioxidante de compostos fenólicos, sendo amplamente utilizado nas indústrias de alimentos e farmacêutica (Zoric, et al., 2014).
A fervura, especialmente no chá líquido, resultou em níveis quase três vezes maiores de oleuropeína — composto antioxidante típico da oliveira — em relação à infusão. Segundo os autores, embora o método de fervura tenha resultado em uma redução de 12,55% no conteúdo de luteolina e diosmetina, ele causou um aumento significativo nos níveis de oleuropeína, ácido cumárico, ácido vanílico e ácido ferúlico em 73,25%, 71,08%, 48,87% e 47,95%, respectivamente.
Por outro lado, a infusão se mostrou mais eficiente na preservação de flavonoides como quercetina, luteolina e diosmetina, especialmente nas amostras liofilizadas. Os autores destacam que a liofilização ofereceu vantagens distintas em termos de recuperação de compostos bioativos e aumento da estabilidade da bebida.
Com potencial uso na indústria de alimentos e suplementos naturais, o chá de folha de oliveira, principalmente em sua forma liofilizada, pode se tornar uma alternativa funcional à base de plantas, além de aproveitar um subproduto agrícola com alto valor nutricional.
Para ler o artigo, acesse
PRECZENHAK, A.P., et al. Influence of the preparation method on the bioactive compounds of olive tree leaf tea. Brazilian Journal of Food Technology [online]. 2025, vol. 28, e2024128 [viewed 17 July 2025]. https://doi.org/10.1590/1981-6723.12824. Available from: https://www.scielo.br/j/bjft/a/NKt74JFJr7QtJ3Rpc7jwcCH
Referência
ZORIC, Z., et al. Kinetics of the degradation of anthocyanins, phenolic acids and flavonols during heat treatments of freeze-dried sour cherry marasca paste. Food Technology and Biotechnology [online]. 2014, vol. 52, no. 1, pp. 101-108.
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