Depressão é fator de risco para mulheres com doenças cardiovasculares

Deborah Rezende, Dehlicom – Soluções em Comunicação Empresarial, assessoria da Sociedade Brasileira de Cardiologia, São Paulo, SP, Brasil.

A prevalência de depressão varia de 1% a 17% em diferentes regiões geográficas e sua incidência é 70% maior nas mulheres do que nos homens. Hoje, a doença afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo e duas vezes mais o sexo feminino da adolescência à idade adulta. Além desse início precoce, a depressão na mulher tende a ser mais grave. Além disso, as doenças cardiovasculares (DCV) e a depressão são doenças crônicas que têm grande impacto sobre morbidade e mortalidade cardiovascular, com evidência de uma relação de mão dupla entre elas, em que a doença mental é um preditor de DCV e vice-versa.

O artigo Depression and Cardiovascular Disease in Women, do periódico International Journal of Cardiovascular Sciences (IJCS), resume o conhecimento atual sobre a depressão como fator de risco para DCV em mulheres, com ênfase na doença arterial coronariana (DAC), incluindo seu impacto prognóstico em pacientes com DCV, mecanismos fisiopatológicos que ligam depressão e doenças cardiovasculares e estratégias diagnósticas e terapêuticas diferentes entre os sexos.

A depressão é causa de incapacidade, com altos custos pessoais, sociais e econômicos, exigindo investigação diagnóstica sistemática e tratamento adequado. Um estudo prospectivo avaliou a relação entre depressão e custos relacionados à saúde em um seguimento de cinco anos de 868 mulheres atendidas no pronto-socorro com suspeita de infarto agudo do miocárdio (IAM). A depressão foi associada a um aumento de até 53% nos custos cardiovasculares durante o período de seguimento. Essa associação foi mais evidente entre as mulheres sem DAC significativa, sugerindo que a depressão pode causar maiores custos em mulheres sem marcadores convencionais de doença cardíaca.

O risco de doenças cardiovasculares em mulheres com um diagnóstico de depressão ao longo da vida é entre 30% e 50% maior do que em homens, especialmente entre os jovens. Estudos indicam que alterações hormonais, como a transição menopausal, têm sido associadas com maior risco para o primeiro episódio depressivo. Além disso, a depressão em mulheres na perimenopausa foi associada a uma maior frequência de uma história de transtorno de humor.

Uma mulher branca e loira segura na palma de uma das mãos alguns comprimidos e na outra mão segura um copo de água. Um pouco atrás está uma mulher branca e morena usando um jaleco e estetoscópio no pescoço segurando uma prancheta com papel e uma caneta.

Imagem: Shutterstock

O estudo traz que, até agora, as evidências científicas indicam a presença de biomarcadores comuns entre depressão e DCV, que determinam um pior prognóstico para pacientes com ambas as condições, especialmente entre as mulheres. Considerando que a depressão é mais prevalente no sexo feminino e que mulheres deprimidas são mais propensas a terem problemas cardiovasculares, fatores de risco e formas mais graves de DCV do que os homens, um rastreamento sistemático para depressão e seu adequado tratamento em mulheres com suspeita ou confirmação de doenças cardiovasculares é garantido. E que ainda não existem estudos clínicos desenhados para avaliar o impacto do tratamento antidepressivo sobre os desfechos cardiovasculares no sexo feminino.

O artigo de autoria principal de Maria Alayde Mendonça Rivera, publicado na edição de julho/agosto do periódico International Journal of Cardiovascular Sciences (IJCS), foi citado pela recente Diretriz da Sociedade Interamericana de Cardiologia (SIAC) de doenças cardiovasculares em mulheres, que recomendou a avaliação de rastreamento de depressão em todas as mulheres com sintomas cardiológicos.

A conclusão do documento é que o grau de doença e o prognóstico são mais graves quando a depressão e as DCV estão presentes que quando diagnosticadas isoladamente. Em pacientes com doenças cardiovasculares agudas ou crônicas, especialmente em mulheres, um rastreamento sistemático para depressão deve ser considerado como uma estratégia preventiva de DCV, visando reduzir o risco de eventos futuros. Além disso, ensaios clínicos randomizados para investigar o impacto do tratamento da depressão nos desfechos cardiovasculares em homens e mulheres com DCV são urgentemente necessários.

Para ler o artigo, acesse

RIVERA, M.A.M., et al. Depression and Cardiovascular Disease in Women. Int. J. Cardiovasc. [online]. 2022, vol. 35, no. 4, pp. 537-545 [viewed 22 August 2022]. https://doi.org/10.36660/ijcs.20200416. Available from: https://www.scielo.br/j/ijcs/a/GbkXDTK5DmtvDYXd7MdwPrC/

Links externos

Depression and Cardiovascular Disease in Women: https://ijcscardiol.org/article/depression-and-cardiovascular-disease-in-women/

International Journal of Cardiovascular Sciences – IJCS: https://www.scielo.br/j/ijcs/

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

REZENDE, D. Depressão é fator de risco para mulheres com doenças cardiovasculares [online]. SciELO em Perspectiva | Press Releases, 2022 [viewed ]. Available from: https://pressreleases.scielo.org/blog/2022/08/22/depressao-e-fator-de-risco-para-mulheres-com-doencas-cardiovasculares/

 

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