Resíduo da industrialização de suco de maracujá produz óleo de alta qualidade

Fabiana Sabadini Rezende Niglio, Coordenadora de Comunicação do Brazilian Journal of Food Technology, Campinas, SP, Brasil.

Silvia Pimentel Marconi Germer, Editora adjunta do Brazilian Journal of Food Technology, Campinas, SP, Brasil.

O Brasil é o maior produtor mundial de maracujá, e possui um bem estabelecido parque para a produção de sucos, a principal forma de industrialização da fruta. No processo, 70% do peso da matéria-prima é descartado como resíduo, composto de cascas, sementes e arilos. O óleo da semente de maracujá tem alto valor agregado, sendo demandado pela indústria de cosméticos e farmacêutica devido às propriedades antioxidantes e aos altos teores de bioativos.

Pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos, em parceria com a Universidade do Norte Fluminense (UENF), avaliaram as condições operacionais da prensagem de sementes de maracujá na obtenção do óleo, a partir de resíduos de diferentes indústrias. Os resultados foram publicados no artigo Expeller pressing of passion fruit seed oil: Pressing efficiency and quality of oil na revista Brazilian Journal of Food Technology (volume 25).

No estudo, o subproduto foi lavado para a eliminação de outros materiais e, posteriormente, seco em secador de tambor, em diferentes tempos de processo. A prensagem foi realizada em uma prensa de rosca industrial (expeller), avaliando rendimento e recuperação de óleo. O produto foi analisado quanto aos ácidos graxos presentes, bem como com relação a propriedades tais como índice de peróxido, ácidos graxos livres e índice de saponificação.

Imagem: Freepik.

A recuperação do óleo das amostras foi superior a 81%, produzindo uma torta parcialmente desengordurada com 5 a 8% de óleo residual. O rendimento diminuiu com o aumento da umidade do material, demonstrando a importância da operação de secagem.  Os principais ácidos graxos detectados foram o linoleico (67% a 68%), o oléico (16% a 17,4%) e o palmítico (11%).

Segundo Matsungo & Siziba (2020), algumas formas do ácido linoleico são gorduras essenciais à saúde humana. A pesquisa revelou, também, que a qualidade geral depende do teor de óleo e da umidade do resíduo antes da prensagem, assim como das diferentes procedências.

A produção de óleos de sementes de frutas aumenta a oferta de óleos vegetais ricos em compostos bioativos para o mercado de cosméticos e alimentos funcionais. Por sua vez, a recuperação das sementes, enquanto subprodutos, ainda contribui para a mitigação dos impactos ambientais de sua disposição, alinhando-se aos preceitos da economia circular. Ademais, a torta parcialmente desengordurada obtida da prensagem, além de ser fonte de fibras e proteínas pode ser utilizada como matéria-prima para a recuperação de compostos fenólicos (CHAU and HUANG, 2004; VIGANÓ et al., 2016).

Referências

CHAU, C.F. and HUANG, Y.L. Characterization of passion fruit seed fibres: A potential fibre source. Food Chemistry [online]. 2004, vol. 85, no. 2, pp. 189-194 [viewed 29 November 2022]. http://doi.org/10.1016/j.foodchem.2003.05.009. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0308814603002693?via%3Dihub

MATSUNGO, T.M. and SIZIBA, L.P. Lipids and nutrition security. In: GALANAKIS, C.M. (ed.) Lipids and edible oils. Cambridge: Academic Press [online]. 2022 [viewed 29 November 2022]. http://doi.org/10.1016/B978-0-12-817105-9.00001-X. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/B978012817105900001X?via%3Dihub

VIGANÓ, J., et al. Sequential high pressure extractions applied to recover piceatannol and scirpusin B from passion fruit bagasse. Food Research International [online]. 2016, vol. 85, pp. 51-58 [viewed 29 November 2022]. http://doi.org/10.1016/j.foodres.2016.04.015. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0963996916301442.

Para ler o artigo, acesse

ANTONIASSI, R., et al. Expeller pressing of passion fruit seed oil: Pressing efficiency and quality of oil. Braz. J. Food Technol. [online]. 2022, vol. 25, e2021168 [viewed 29 November 2022]. https://doi.org/10.1590/1981-6723.16821 . Available from: https://www.scielo.br/j/bjft/a/wWBqjYLWPLjBcRPRMhNMCFr/

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