Rosa Emilia Moraes, jornalista em ciência em Linceu Editorial, São José dos Campos, SP, Brasil.
O intemperismo é o processo de dissolução e decomposição de rochas, sendo deflagrado por agentes físicos, químicos e biológicos na superfície da Terra, como a ação da água, o clima e o contato com sais e ácidos.
As plantas podem ser agentes de biointemperismo, devido à atividade de suas raízes, à liberação de substâncias orgânicas e, também, à população microbiana associada. O intemperismo das rochas é, geralmente, lento, mas a interação entre os minerais e a rizosfera pode acelerar esse processo. A biotita, um mineral presente em rochas como xistos e selenitos, apresenta taxa de dissolução relativamente rápida quando em contato com raízes, indicando o potencial uso dessas rochas como fonte de potássio para as plantas (MANNING, et al, 2017).
Devido à magnitude da agricultura dentro do cenário econômico mundial, diversos estudos têm sido conduzidos para avaliar o potencial fertilizante de minerais silicáticos utilizados como fonte de nutrientes, em curto prazo. Em seu volume 57, o periódico Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB) apresenta o artigo Dissolution of silicate minerals and nutrient availability for corn grown successively desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Figura 1. Imagens obtidas por microscopia eletrônica de varredura dos grãos de biotita utilizados nos experimentos de crescimento do milho (Zea mays), mostrando a superfície da biotita: A e B, antes e depois do crescimento da planta em biotita xisto, respectivamente; e C e D, antes e depois do crescimento da planta em biotita sienito, respectivamente.
O artigo detalhou o processo de cultivo do milho (Zea mays L.) em sua variedade híbrida 30F53VYHR, em amostras puras e moídas de biotita xisto (BSC) e biotita sienito (BSY) obtidas de diferentes regiões do Brasil para avaliar a disponibilidade de nutrientes desses agrominerais. Os achados da pesquisa contribuem para o entendimento do processo de dissolução, sendo de grande relevância para o desenvolvimento de novas opções para remineralização e manutenção da fertilidade do solo agrícola.
A pesquisa indicou que tanto a BSC quanto a BSY forneceram nutrientes por meio da dissolução congruente e incongruente de suas partículas; no entanto, nas condições do estudo, a BSC liberou mais nutrientes para as plantas cultivadas em rochas puras e moídas do que a BSY. O pó das rochas de BSC e BSY também pode ser considerado fonte de magnésio, um nutriente essencial para as plantas, mas escasso em alguns tipos de solo, como os do Cerrado brasileiro. A disponibilidade destes nutrientes foi relacionada ao teor de ferro e manganês oxidáveis presente na estrutura dos minerais biotita, clorita e clinopiroxênio, que também são ricos em cátions alcalinos e alcalino-terrosos.
O experimento foi realizado em sete ciclos sucessivos do plantio de milho. No entanto, os nutrientes não foram totalmente liberados para as plantas, pois a dissolução das rochas ao longo dos sete ciclos de crescimento foi incompleta. Por conta do pequeno volume dos recipientes utilizados e da baixa concentração de nutrientes liberados, o crescimento do milho cultivado exclusivamente na rocha moída foi menor em comparação ao em solos adequadamente corrigidos e fertilizados. Entretanto, espera-se que a dissolução dos minerais seja mais efetiva quando misturados a solos. Portanto, a continuidade de pesquisas sobre o crescimento de plantas em solos tratados com agrominerais silicáticos é importante.
Referências
MANNING, D.A.C., et al. Testing the ability of plants to access potassium from framework silicate minerals. Science of the Total Environment [online]. 2017, vol.574, pp.476-481 [viewed 20 January 2023]. https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2016.09.086. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0048969716320058
Para ler o artigo, acesse
KRAHL, L.L., et al. Dissolution of silicate minerals and nutrient availability for corn grown successively. Pesq. agropec. bras. [online]. 2022, vol. 57, e01467 [viewed 20 January 2023]. https://doi.org/10.1590/S1678-3921.pab2022.v57.01467. Available from: https://www.scielo.br/j/pab/a/B8G3YqWx8zM9F8HyfhRksPt/
Links externos
Pesquisa Agropecuária Brasileira – PAB: https://www.scielo.br/pab/
Pesquisa Agropecuária Brasileira – site: www.embrapa.br/pab
Universidade de Brasília: http://fup.unb.br/
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