Por Artênio José Ísper Garbin, Professor adjunto do Programa de Pós-graduação em Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – FOA/UNESP, Araçatuba, São Paulo, Brasil
Pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Odontologia Preventiva e Social da FOA/UNESP, revelaram que adolescentes vítimas de bullying tem 3 vezes mais chances de apresentarem uma autoestima muito negativa. Segundo o artigo “Nível da autoestima de adolescentes brasileiros vítimas de bullying e sua relação com a necessidade de tratamento ortodôntico” publicado no primeiro número de 2017 da Revista Gaúcha de Odontologia, além do bullying, os estudantes com a cor da pele parda ou negra, apresentaram quase 2 vezes mais chance de terem essa mesma condição. Os pesquisadores investigaram também a incidência de má oclusão entre os estudantes, no entanto, esta variável não teve interferência no nível de autoestima, embora mais de 90% dos participantes revelaram que desejavam corrigir os dentes para melhorar a aparência.
Para chegar a tais conclusões, os pesquisadores examinaram 815 adolescentes da rede pública de ensino. Os estudantes responderam a um questionário, contendo perguntas relacionadas aos episódios de bullying, e o instrumento validado Global Self-Evaluation, para verificar o nível de autoestima. Além da aplicação do questionário, também foi realizado o exame bucal, utilizando o índice DAI (Dental Aesthetic Index) para avaliar a oclusão e o comprometimento estético, seguindo os preceitos da Organização Mundial de Saúde. Embora muitos estudos retratem a problemática do bullying, nenhum estudo nacional verificou a associação deste fenômeno com as variáveis: autoestima e má oclusão. A adolescência é o período do desenvolvimento humano em que a formação da identidade se mostra mais nítida. Uma das variáveis mais críticas que afeta a inserção exitosa de um adolescente em suas relações sociais é a autoestima, sendo considerada um importante indicador de saúde mental (BANDEIRA; HUTZ, 2010). Desvios do padrão estético de beleza, podem influenciar o nível de aceitação pessoal. Embora o Brasil seja um país de grande miscigenação, o preconceito racial existe em todos os setores, incluindo o ambiente escolar, afetando a autoestima de vítimas de bullying. As consequências do bullying na infância podem repercutir na vida adulta com problemas associados a comportamentos antissociais e à perda de oportunidades, como a instabilidade no emprego e relacionamentos afetivos pouco duradouros (RAVENS-SIEBERER; KÖKÖNYEI; THOMAS, 2004).
Referências
BANDEIRA, C., HUTZ, C. S. As implicações do bullying na auto-estima de adolescentes. Psicol. Esc. Educ. (Impr.) [online]. 2010, vol. 14, no. 1, pp. 131-138 [viewed 06 June 2017]. DOI: 10.1590/S1413-85572010000100014. Available from: http://ref.scielo.org/x2bbyr
RAVENS-SIEBERER, U., KÖKÖNYEI, G. and THOMAS, C. School and health. In: CURRIE, C. et al. Young people’s health in context: Health Behavior in School-aged Children (HBSC) study: international report from the 2001/2002 survey. Geneva: World Health Organization, 2004. pp. 184-195.
Para ler o artigo, acesse:
GATTO, R. C. J., et al. Nível da autoestima de adolescentes brasileiros vítimas de bullying e sua relação com a necessidade de tratamento ortodôntico. RGO, Rev. Gaúch. Odontol. [online]. 2017, vol. 65, no. 1, pp. 30-36 [viewed 06 June 2017]. DOI: 10.1590/1981-863720170001000053304. Available from: http://ref.scielo.org/vsy9p9
Link externo
RGO – Revista Gaúcha de Odontologia: <http://www.scielo.br/rgo>
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