Por Fernanda Carneiro Mussi, Professora Associada IV da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia, coordenadora do Grupo Interdisciplinar sobre o Cuidado à Saúde Cardiovascular, Salvador, BA, Brasil
O artigo intitulado “Fatores relacionados à inatividade física no lazer em mulheres obesas”, publicado na Acta Paulista de Enfermagem (v. 30, n. 3), contou com a participação de 143 mulheres, usuárias do Sistema Único de Saúde, atendidas em um ambulatório de referência para o tratamento da obesidade, em Salvador, Bahia. Na ocasião, elas foram entrevistadas aplicando-se instrumentos específicos e tiveram o peso e a altura verificados para o cálculo do índice de massa corporal (NASCIMENTO, et al., 2017).
Pelo Questionário Internacional de Atividade Física constatou-se alta proporção de inatividade física no lazer, identificada para 85,2% das mulheres, a qual foi associada a presença de doenças. Aquelas com uma ou duas doenças como hipertensão arterial, diabetes mellitus e artrose tiveram aumento respectivo de 27% e 31% na inatividade física.
Outro achado relevante foi que as mulheres que avaliaram o estado de saúde como ruim e regular foram, respectivamente, 28% e 25% mais inativas.
Observou-se ainda que a autoeficácia, ou seja, a crença de uma pessoa na capacidade de concretizar uma determinada tarefa ou lidar com uma situação específica, influencia o nível de atividade física. Na pesquisa, as mulheres com autoeficácia ruim para a prática de atividade física foram 27% mais inativas. Portanto, a crença no êxito pessoal para a atividade física é fundamental para garantir a sua realização.
Embora não tenha havido forte associação entre inatividade física e percepção de ambiente, as mulheres com pior percepção do meio em que vivem apresentaram direção para o aumento da inatividade física no lazer, evidenciando que a segurança pública, a acessibilidade a locais públicos adequados para prática de esportes, a lojas de conveniências, etc., influenciam o nível de atividade física (FLORINDO, et al., 2011; PITANGA, et al., 2014). Do mesmo modo, a direção para aumento da inatividade física foi notada para mulheres mais obesas e com pessoas dependentes de seus cuidados no domicílio.
Esses resultados devem orientar as práticas de cuidado em saúde e em enfermagem, assim como políticas públicas de apoio a prática de atividade física e de controle do peso corporal mediante ações inter-relacionadas de profissionais de saúde, da comunidade e das autoridades públicas, considerando os benefícios estabelecidos da atividade física na promoção e prevenção de agravos à saúde.
O estudo realizado é integrante do projeto matriz de pesquisa “Monitoramento remoto de enfermagem de mulheres com excesso de peso”, coordenado pela professora Fernanda Carneiro Mussi, o qual recebeu apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Referências
FLORINDO, A. A., et al. Percepção do ambiente e prática de atividade física em adultos residentes em região de baixo nível socioeconômico. Rev. Saúde Pública [online]. 2011, vol. 45, no. 2, pp. 302-310, ISSN: 1518-8787 [viewed 15 October 2017]. DOI: 10.1590/S0034-89102011000200009. Available from: http://ref.scielo.org/q9gqqg
PITANGA, F. G., et al. Prevalência e fatores sociodemográficos e ambientais associados à atividade física no tempo livre e no deslocamento em adultos. Motri. [online]. 2014, vol. 10, no. 1, pp. 3-13, ISSN: 1646-107X [viewed 15 October 2017]. DOI: 10.6063/motricidade.10(1).1246. Available from: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1646-107X2014000100002&lng=pt&nrm=iso
Para ler o artigo, acesse:
NASCIMENTO, T. S. Fatores relacionados à inatividade física no lazer em mulheres obesas. Acta paul. enferm. [online]. 2017, vol.30, no.3, pp. 308-315, ISSN: 1982-0194 [viewed 15 October 2017]. DOI: 10.1590/1982-0194201700047. Available from: http://ref.scielo.org/8f2hp9
Link externo
Acta Paulista de Enfermagem – APE: <http://www.scielo.br/ape>
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