Por Juliana da Silva Moro, Estudante de Especialização, Faculdade de Odontologia da São Leopoldo Mandic, Especialista em Pacientes com Necessidades Especiais, Campinas, SP, Brasil
Em vista ao crescente número de infecções pelo Zika vírus no Brasil e o surgimento de casos de recém-nascidos com microcefalia em decorrência da infecção, pesquisadores da Faculdade de odontologia da São Leopoldo Mandic de Campinas realizaram uma revisão bibliográfica para atualizar e auxiliar os cirurgiões-dentistas no manejo odontológico desses pacientes, uma vez que existe escassez na literatura sobre esse tema na área da odontologia.
Conforme relatado no artigo “Microcephaly by Zika virus: dental care”, publicado na Revista Gaúcha de Odontologia (vol. 67), os autores observaram que crianças diagnosticadas com microcefalia apresentam, além do menor perímetro cefálico, diversas alterações relevantes a nível odontológico, como: problemas de deglutição, anormalidades auditivas e oculares, anomalias cerebrais, convulsões e na maioria dos casos, comportamento pouco colaborativo (MOORE, et al., 2017). Observa-se também, ausência de dentes decíduos e germes dos dentes permanentes. Nesse sentido, o cirurgião-dentista deve estar atento durante os atendimentos, preconizando sempre a realização de uma anamnese e exames físicos adequados, considerando a história médica, as limitações físicas e mentais e a saúde atual do paciente (LEITE; VARELLIS, 2016).
Outro aspecto importante a ser considerado, refere-se à amamentação do recém-nascido. Crianças sem coordenação de sucção, deglutição e respiração, como os pacientes com microcefalia, correm o risco de aspiração e engasgo, sendo interessante sugerir diferentes alternativas aos pais, como a utilização de copos/xícaras, sonda-dedo, entre outras (BERVIAN; FONTANA; CAUS, 2008). No decorrer da revisão, os autores abordam outros cuidados extremamente necessários a serem considerados durante o atendimento odontológico de crianças com microcefalia.
Diante da gravidade da microcefalia ocasionada pelo Zika vírus, essa revisão pode ser um importante meio para conhecer as alterações associadas e os principais problemas bucais do paciente, que auxiliarão no direcionamento de uma conduta clínica adequada durante o atendimento odontológico.
Referências
BERVIAN, J., FONTANA, M. and CAUS, B. Relação entre amamentação, desenvolvimento motor bucal e hábitos bucais – revisão de literatura. RFO [online]. 2008, vol. 13, no. 2, pp. 76-81, e-ISSN: 2318-843X [viewed 15 May 2019]. DOI: 10.5335/rfo.v13i2.600. Available from: http://seer.upf.br/index.php/rfo/article/view/600
LEITE, C.N. and VARELLIS, M.L.Z. Microcefalia e a odontologia brasileira. Journal Health NPEPS. 2016, vol. 1, no. 2, pp. 297-304, ISSN: 2526-1010 [viewed 15 May 2019]. Available from: https://periodicos.unemat.br/index.php/jhnpeps/article/view/1584
MOORE, C.A., et al. Characterizing the pattern of anomalies in congenital zika syndrome for pediatric clinicians. JAMA Pediatr [online]. 2017, vol. 171, no. 3, pp. 288-295, e-ISSN: 2168-6211 [viewed 15 May 2019]. DOI: 10.1001/jamapediatrics.2016.3982. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27812690
Para ler o artigo, acesse
MORO, J.S., MAREGA, T. and ROMAGNOLO, F.U. Microcephaly caused by the Zika virus: dental care. Rev. Gaúch. Odontol. [online]. 2019, vol. 67, e2019001, ISSN: 1981-8637 [viewed 15 May 2019]. DOI: 10.1590/1981-86372019000013597. Available from: http://ref.scielo.org/r3f8j9
Link externo
RGO – Revista Gaúcha de Odontologia: <http://www.scielo.br/rgo>
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