Por Vanessa Brauer, Assessora de Imprensa, Sociedade Brasileira de Cardiologia, São Paulo, SP, Brasil
Para investigar os fatores que podem influenciar o poder antioxidante e os benefícios relacionados à saúde de diferentes sucos de uva integrais produzidos no Brasil, pesquisadores da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás (UFG), realizaram o estudo “Antioxidant and vasodilatory action of grape juices produced in different regions of Brazil”, que recolheu e analisou amostras de sucos de uva integrais de cinco estados brasileiro: Goiás, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Os resultados, publicados no International Journal of Cardiovascular Sciences, IJCS (vol. 32, no. 3) da Sociedade Brasileira de Cardiologia, mostraram que as diversas amostras de suco produziram resultados cardiovasculares distintos, possuindo, assim, diferentes níveis de eficácia na indução do relaxamento vascular. Como esperado, a amostra de maior capacidade antioxidante também apresentou a maior concentração de polifenóis (CHONG; MACDONALD; LOVEGROVE, 2010). Da mesma forma, a que obteve menor atividade antioxidante também possuía menor concentração dessa substância (BURNS, et al., 2000).
A amostra de Rio de Janeiro foi a única que induziu o relaxamento vascular em nível semelhante ao do vinho tinto testado (HUGEL, et al., 2016). Além disso, o efeito vasodilatador também apresentou intensidade variável de uma amostra para outra. O mecanismo de ação vasodilatadora parece estar relacionado à liberação do NO endotelial.
Figura 1. Relaxamento vascular máximo induzido por amostras de suco de uva em aortas de ratos pré-contraídos com fenilefrina. As barras representam a porcentagem máxima de relaxamento (Emax) com ou sem tratamento com L-NAME (100 μM, 30 min). *Diferença significativa (p <0,05) vs. Controle (sem L-NAME).
A principal constatação deste estudo é que os sucos de uva integrais comercializados no Brasil não possuem as mesmas propriedades funcionais. Suas capacidades antioxidantes, concentração de compostos fenólicos e atividade vasodilatadora são diferentes entre amostras testadas de diferentes regiões.
“Essas descobertas ajudam a entender que as qualidades funcionais do suco de uva podem variar muito em diferentes regiões do Brasil. Embora todas as amostras atendam aos critérios de elegibilidade, nem todas têm efeitos funcionais como uma atividade antioxidante e vasodilatadora apreciável, algumas das quais provavelmente são incapazes de fornecer proteção contra doenças cardiovasculares”, concluiu o coordenador do Laboratório de Farmacologia Cardiovascular da Faculdade de Farmácia da UFG, Matheus Lavorenti.
Referências
BURNS, J., et al. Relationship among antioxidantactivity, vasodilation capacity, and phenolic content ofred wines. J Agric Food Chem [online]. 2000, vol. 48, no. 2, pp. 220-230, e-ISSN: 1520-5118 [viewed 5 August 2019]. DOI: 10.1021/jf9909757. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10691619
CHONG, M.F., MACDONALD, R. and LOVEGROVE, J.A. Fruit polyphenols and CVD risk: a review of human intervention studies. Br J Nutr [online]. 2010, vol. 104, suppl 3, pp. S28-S39, e-ISSN: 1475-2662 [viewed 5 August 2019]. DOI: 10.1017/S0007114510003922. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20955648
HUGEL, H.M., et al. Polyphenol protection and treatment of hypertension. Phytomedicine [online]. 2016, vol. 23, no. 2, pp. 220-231, e-ISSN: 1618-095X [viewed 5 August 2019]. DOI: 10.1016/j.phymed.2015.12.012. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26926184
Para ler o artigo, acesse
BRITTO JUNIOR, José, et al. Antioxidant and Vasodilatory Action of Grape Juices Produced in Different Regions of Brazil. Int. J. Cardiovasc. Sci. [online]. 2019, vol. 32, no. 3, pp. 238-246, ISSN: 2359-4802 [viewed 5 August 2019]. DOI: 10.5935/2359-4802.20180097. Available from: http://ref.scielo.org/zbtpwh
Link externo
International Journal of Cardiovascular Sciences – IJCS: <www.scielo.br/ijcs>
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