Por Nancy Sánchez-Tarragó, professora, Universidade Federal de Rio Grande do Norte, Departamento de Ciência da Informação, Natal, RN, Brasil
A pandemia de COVID-19, que hoje já atingiu mais de 4 milhões de pessoas em mais de 200 países, se desenvolve em um contexto global marcado por políticas neoliberais que reduziram o acesso universal a redes de saúde e proteção social; elevada desigualdade social, económica e política, e uma crescente desordem informacional, onde as mensagens se fabricam e manipulam como arma política desonesta ao serviço de interesses. Neste cenário de assimetrias (inclusive informacionais), a desinformação se expande a velocidades vertiginosas –como um vírus contagioso e mortal, com consequências graves para o enfrentamento e controle da pandemia de COVID-19. A partir dessa problematização, a pesquisa, primeiramente, discute manifestações concretas da desordem informacional, materializadas em desinformação, controvérsias científicas e teorias conspiratórias ao redor da origem do vírus, a medida de distanciamento social e os tratamentos para COVID-19. Para essa análise se utiliza como alicerce teórico o marco da desordem informacional de Wardle e Derakhshan (2017) e uma ampla revisão de notícias e artigos sobre os fenômenos analisados. Em um segundo momento, os autores argumentam, usando como marco a Teoria do Agir Comunicativo de Habermas (2010), a importância da validação discursiva das informações sobre a COVID-19 –do uso público da razão–, como filtro para lidar com a desordem informacional e chegar a consensos racionais para o enfrentamento à pandemia.
A pesquisa foi liderada pelo pesquisador do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), Dr. Clóvis Ricardo Montenegro de Lima, com a participação da Dra. Nancy Sánchez Tarragó, docente no departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal de Rio Grande do Norte, a Dra. Danielle Moraes, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/FIOCRUZ), a Dra. Luciana Grings, da Fundação Biblioteca Nacional e a Dra. Mariangela Rebelo Maia, docente no Departamento de Odontologia Social e Preventiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os pesquisadores têm experiências de trabalho e pesquisa na área da saúde, e possuem formação acadêmica de doutorado nas áreas de Ciência da Informação, Memoria Social e Saúde Pública.
Para os autores, entre as lições que traz a pandemia de COVID-19 está que a emergência da finitude humana reduz o espaço para informações fraudulentas e para controvérsias sem correspondência com o mundo objetivo. A disseminação da informação na sociedade enfrenta o filtro do uso público da razão e uma a uma, as informações não verdadeiras vão naufragando.
Referências
HABERMAS, J. Teorias da verdade. In: HABERMAS, J. Obras escolhidas de Jürgen Habermas: teoria da racionalidade e teoria da linguagem. V2. Lisboa: Edições 70, 2010.
WARDLE, C. and DERAKHSHAN, H. Information Disorder: Toward an interdisciplinary framework for research and policymaking. Strasbourg Cedex: Council of Europe, 2017. Available from: https://edoc.coe.int/en/media/7495-information-disorder-toward-an-interdisciplinary-framework-for-research-and-policy-making.html
Para ler o artigo, acesse
LIMA, C.R.M., et al. Global public health emergency due to the COVID-19 pandemic: disinformation, information asymmetry and discursive validation. SciELO Preprints [online]. 2020 [viewed 01 June 2020]. DOI: 10.1590/SciELOPreprints.410. Available from: https://preprints.scielo.org/index.php/scielo/preprint/view/410
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