Por Maria Luiza De Grandi, Jornalista do periódico Ciência Rural, Santa Maria, RS, Brasil e Rose Luiza Tavares, Professora da Pós-Graduação, Faculdade de Agronomia, Universidade de Rio Verde (UniRV), Rio Verde, GO, Brasil
O conjunto de animais visíveis a olho nu em um ecossistema é chamado de macrofauna, e essa desempenha um papel importante na cadeia alimentar do solo, estimulando as atividades microbianas responsáveis pela mineralização e umidificação do solo, e abastecimento de nutrientes disponíveis para as plantas (KORBOULEWSKY, et al., 2016). Considerando que a análise da macrofauna do solo se apresenta como eficiente para indicar a qualidade ambiental, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em parceria com a Universidade de Rio Verde (UniRV), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Núcleo de Inovação Tecnológico do Supera Parque de Tecnologia avaliaram a macrofauna do solo de uma área em processo de recuperação com plantio de diferentes tipos de cobertura vegetal. O artigo “Macrofauna do solo como bio indicador da recuperação de um solo degradado de Cerrado” foi publicado no periódico Ciência Rural (vol. 50, no. 8).
A área experimental utilizada está localizada no Planalto da Bacia Sedimentar do Rio Paraná, a margem direita do rio Paraná, no município de Selvíria, Mato Grosso do Sul, Brasil. Os impactos ambientais presentes na área são decorrentes da construção da usina hidrelétrica de Ilha Solteira, no interior de São Paulo, iniciada nos anos 1960. Em 2005, foi iniciado um plano de recuperação da área degradada no município de Selvíria/MS com plantio de espécies vegetais adaptadas ao bioma Cerrado, para reparar uma retirada de, em média, 8,60 m de solo em profundidade.
A macrofauna de solo foi analisada nos anos de 2005, 2006 e 2007, segundo o método de coleta direta e contagem manual. Durante a pesquisa, foram determinados números referentes a quantidades de espécies e índices de diversidade e uniformidade. Os resultados apresentaram que o uso de duas espécies de plantas, uma florestal (Astronium fraxinifolium) e outra gramínea (Brachiaria decumbens), associadas ao uso de lodo de esgoto aumentaram a população e diversidade da macrofauna do solo e de forma comparativa ultrapassou a quantidade de espécies do solo em área uma com vegetação de nativa de Cerrado, indicando que ser uma alternativa para a recuperação de solos degradados no Cerrado Brasileiro.
De acordo com a pesquisadora Rose Luiza Tavares, a pesquisa mostra uma alternativa de recuperação das áreas degradadas no Cerrado, fazendo uso de espécies adaptadas ao próprio ecossistema e assim, diminuindo os custos com o processo de recuperação do solo. “O nosso trabalho incentiva à prática de revegetação de áreas degradadas, visando minimizar a erosão do solo e desvalorização de terras,” acrescenta a pesquisadora. O uso desta técnica também viabiliza o reaproveitamento do biossólido oriundo do tratamento de água, atualmente considerada problemática sua disposição final adequada.
Referência
KORBOULEWSKY, N., et al. How tree diversity affects soil fauna diversity: A review. Soil Biology and Biochemistry [online]. 2016, vol. 94, pp.94-106 [viewed in 02 October 2020]. DOI: 10.1016/j.soilbio.2015.11.024. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0038071715004174
Para ler o artigo, acesse
KITAMURA, A.E., et al. Macrofauna do solo como bio indicador da recuperação de um solo degradado de Cerrado. Cienc. Rural [online]. 2020, vol.50, no.8, e20190606 [viewed in 02 October 2020]. DOI: 10.1590/0103-8478cr20190606. Available from: http://ref.scielo.org/9bqk8h
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