Murilo Bomfim, Coordenador de Comunicação do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP), São Paulo/SP.
Mais de 200 revistas científicas da área da saúde se unem para publicar o editorial “Apelo por ação emergencial para limitar o aumento da temperatura global, restaurar a biodiversidade e proteger a saúde – As nações ricas devem fazer muito mais, muito mais rápido”, que pede ações urgentes para manter o aumento médio da temperatura global abaixo de 1,5°C, parar a destruição da natureza e proteger a saúde. A iniciativa inclui periódicos de todos os continentes — no Brasil, o texto é publicado pela Revista de Saúde Pública (RSP), da Universidade de São Paulo. Leia as versões em português e em inglês.
O artigo é assinado por 19 cientistas. Entre eles, o brasileiro Carlos Augusto Monteiro, editor-chefe da RSP, coordenador do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP) e professor titular da Faculdade de Saúde Pública da USP.
O movimento ocorre semanas após a publicação do mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que alertou para a intensificação da velocidade das mudanças climáticas (algumas delas irreversíveis) resultantes da ação humana. Na esteira do relatório, países devem discutir o tema ainda este mês, na Assembleia Geral da ONU, e, mais futuramente, na Cúpula da Biodiversidade (China) e na COP26, conferência sobre o clima que ocorre em Glasgow, no Reino Unido.
“Reduzir emissões de gases do efeito estufa, restaurar a agrobiodiversidade e preservar a natureza: precisamos mudar os padrões alimentares globais para incluir mais alimentos in natura e minimamente processados, diversos e de origem local”, diz Monteiro.
Metas não bastam: é preciso redesenhar sistemas
Os pesquisadores apontam que a definição de metas globais para zerar emissões é insuficiente, sendo necessário desenvolver planos confiáveis de curto e longo prazo para transformar sociedades. “Há uma crescente preocupação de que o aumento da temperatura acima de 1,5°C está começando a ser visto como inevitável, ou mesmo aceitável, por membros poderosos da comunidade global”, escrevem os cientistas.
Eles sugerem que os governos façam mudanças estruturais na forma como as sociedades e economias estão organizadas. Neste sentido, a conhecida estratégia de incentivar os mercados a trocar tecnologias sujas por outras mais limpas já não funciona: é preciso redesenhar sistemas de transporte, cidades, produção e distribuição de alimentos, mercados para aplicações financeiras e sistemas de saúde, entre outras soluções. “A coordenação global é necessária para garantir que a corrida por tecnologias mais limpas não venha ao custo de mais destruição ambiental e exploração humana.”
Nações ricas
Os autores do editorial destacam que as soluções para frear as mudanças climáticas devem ser feitas de maneira equitativa. Dessa forma, países que criaram desproporcionalmente a crise ambiental devem agir de forma a apoiar nações de baixa e média renda na construção de sociedades mais limpas, saudáveis e resilientes.
Entre as soluções propostas pelos cientistas, estão o financiamento por meio de subvenções (e não empréstimos), o perdão de grandes dívidas e a ação de fundos adicionais para compensar perdas e danos relacionados à crise ambiental.
Para ler o artigo, acesse
ATWOLI, L., et al. Call for emergency action to limit global temperature increases, restore biodiversity, and protect health – Wealthy nations must do much more, much faster. Revista de Saúde Pública [online]. 2021, vol.55 [viewed 20 September 2021]. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.20210550001ed. Available from: http://ref.scielo.org/3nz99w
Link externo
Revista de Saúde Pública – RSP: https://www.scielo.br/rsp/
Leia o editorial na íntegra em português: https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/190509/175813
Leia o editorial na íntegra em inglês: https://www.revistas.usp.br/rsp/article/view/190509/175812
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