Bruno Gonçalves Galdino da Costa, Postdoctoral Research Fellow, Nipissing University, North Bay, Ontario, Canada.
Você acha que passa mais tempo sentado do que os seus pais e avós passavam quando tinham a sua idade? É pouco provável que seus antepassados tenham passado mais tempo sentados que você, de acordo com diversos estudos conduzidos nas últimas décadas. O avanço tecnológico e mudanças na organização social vem favorecendo novas formas de trabalho e de lazer, e entender como estas mudanças ocorrem e como estão ligadas à saúde das pessoas é um tópico desafiador para pesquisadores.
No artigo Os dois lados do Comportamento Sedentário, publicado em 2022 no Journal of Physical Education, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina e da Universidade de Ottawa descrevem os avanços, desafios e futuras direções em pesquisas relacionadas ao comportamento sedentário, tempo de tela e saúde.
Desde 2017, o conceito de comportamento sedentário mais aceito pela comunidade científica apresenta dois componentes principais: 1) comportamentos que acontecem quando indivíduos estão sentados, deitados, ou em alguma postura reclinada; e 2) atividades com custo energético similar aos níveis de repouso (i.e., equivalente a não mais que 1.5 vezes a taxa metabólica de repouso). Exemplos de comportamentos sedentários incluem assistir TV sentado no sofá; trabalhar sentado em escritórios, ir ao trabalho sentado no ônibus/carro, e assistir aula na escola. Mas afinal, qual é o problema de passarmos cada vez mais tempo em comportamento sedentário?
Essa questão ainda é um desafio para pesquisadores, e não há uma única resposta. Por anos, atividades sedentárias eram limitadas pela tecnologia e tempo livre disponível, mas o leque de possibilidades parece aumentar drasticamente a cada ano. Por exemplo, no passado, atividades de lazer com tela em casa se resumiam à televisão, enquanto em 2022, estas incluem jogos eletrônicos, vídeos, engajamento em mídias sociais, fazer compras on-line, ler livros, usar aplicativos de meditação, entre uma infinidade de possibilidades facilitadas por dispositivos inteligentes como smartphones, tablets e smartwatches.
Estes avanços dificultam o estabelecimento de relações entre comportamentos sedentários e saúde, afinal, é difícil distinguir qual é o impacto do tempo sentado, do tipo de atividade feita, ou do conteúdo acessado, além de outros aspectos contextuais relacionados à cada atividade sedentária. Por exemplo, usar o celular por trinta minutos para conversar com um colega em uma chamada de vídeo, jogar videogames por 30 minutos, assistir mais um episódio da sua série favorita, acompanhar as últimas notícias nas mídias sociais, ou ler um livro tem impactos equivalentes na saúde das pessoas?
Os autores chamam a atenção para a dificuldade de mensurar as diferentes facetas do comportamento sedentário, e o impacto delas nas evidências disponíveis na literatura científica. Metas urgentes para pesquisadores são o desenvolvimento de novas teorias para o estudo da mudança de comportamento neste mundo digital, e de instrumentos e mecanismos adequados para a mensuração destes comportamentos.
Enquanto alguns comportamentos sedentários podem contribuir para uma boa saúde e qualidade de vida, outros podem resultar em efeitos deletérios e devem ser limitados. Encontrar um equilíbrio sustentável é necessário para o planejamento de políticas públicas que favoreçam boas relações entre avanço tecnológicos e estilos de vida mais ativos.
DA COSTA, B.G.G. O quão preocupados devemos estar com o nosso tempo em comportamentos sedentários? [online]. SciELO em Perspectiva | Press Releases, 2022 [viewed ]. Available from: https://pressreleases.scielo.org/blog/2022/08/16/o-quao-preocupados-devemos/
Você acha que passa mais tempo sentado do que os seus pais e avós passavam quando tinham a sua idade? É pouco provável que seus antepassados tenham passado mais tempo sentados que você, de acordo com diversos estudos conduzidos nas últimas décadas. O avanço tecnológico e mudanças na organização social vem favorecendo novas formas de trabalho e de lazer, e entender como estas mudanças ocorrem e como estão ligadas à saúde das pessoas é um tópico desafiador para pesquisadores.
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