Claudia Jurberg, Jornalista e Editora de Mídias Sociais das Memórias do IOC, Instituto Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz, RJ, Brasil.
Um estudo liderado pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS), da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador, investigou surtos da Covid-19 que ocorreram em oito embarcações, ancoradas na área de quarentena da Baía de Todos os Santos, no litoral baiano.
Os resultados do estudo foram descritos em artigo intitulado Covid-19 outbreaks aming crew members in non-cruise vesseles anchoring in Salvador, Brazil, 2021, publicado no periódico Memórias do Instituto Oswaldo Cruz (MIOC).
Segundo a pesquisadora do Instituto Gonçalo Moniz, da Fiocruz Bahia, Cristiane Wanderley Cardoso, e seus colaboradores, a maioria dos navios era de cargueiros que atracaram várias vezes antes de fundear em Salvador. Cinco atracaram em ≥9 portos. A tripulação analisada, neste estudo, variou de 22 a 63 membros. A taxa de infecção em cada navio variou de 9,7% a 88,9%. E o risco de infecção sintomática variou, de forma ampla, entre a tripulação de cada embarcação, alcançando até 91,6%.
No geral, o risco de desenvolver sinais e sintomas de Covid-19 foi menor entre os membros da tripulação que estavam vacinados. E mais, os pesquisadores detectaram variantes do SARS-CoV-2 não identificadas anteriormente em Salvador (C.14 B.1.617.2 e B.1.351).
Em 2021, as vacinas contra Covid-19 foram introduzidas e ainda estavam em processo de distribuição entre os países. Nos primeiros quatro navios ancorados, nenhum membro da tripulação ainda havia sido vacinado e suas tripulações apresentaram as maiores taxas de infecções sintomáticas. As últimas quatro embarcações, ancoradas em maio, julho, agosto e novembro, apresentaram taxas de cobertura vacinal de 3,7%, 40,7%, 80,6% e 58,3%, respectivamente. A menor taxa de infecção sintomática e de contágio foi encontrada entre a população que possuía a maior cobertura vacinal.
A pandemia de coronavírus afetou completamente o setor marítimo devido à transmissão de vírus a bordo e restrições de tráfego. No entanto, os relatos de transmissão de SARS-CoV-2 a bordo foram restritos, principalmente, àqueles que ocorrem em navios de cruzeiro.
O estudo é uma parceria que inclui também autores do Instituto Gonçalo Moniz, da Fiocruz Bahia, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, da Universidade Federal da Bahia, da Universidade do Estado do Colorado, além de profissionais dos Laboratórios Centrais do Município e do Estado da Bahia (Lacens).
Os autores ressaltam que as múltiplas escalas de navios, que não são de cruzeiro, podem contribuir para a disseminação de variantes do SARS-CoV-2 em todo o mundo. E alertam que a redução da transmissão a bordo do SARS-CoV-2 depende de esforços conjuntos da tripulação e das autoridades de saúde locais, além dos esforços por uma alta cobertura vacinal para prevenir infecções e doenças.
A pesquisa foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação Oswaldo Cruz, Secretaria de Saúde de Salvador e Universidade Federal da Bahia.
Para ler o artigo, acesse
CARDOSO, W.C., et al. COVID-19 outbreaks among crew members in non-cruise vessels anchoring in Salvador, Brazil, 2021. Mem. Inst. Oswaldo Cruz [online]. 2022, vol. 117, e220114 [viewed 11 January 2023]. https://doi.org/10.1590/0074-02760220114. Available from: https://www.scielo.br/j/mioc/a/RQvTYYJrCvzc7myD4dmV3Hh/
Links externos
Memórias do Instituto Oswaldo Cruz – MIOC: https://www.scielo.br/mioc/
Para saber mais sobre este estudo, acesse o artigo na íntegra em https://bit.ly/3MBYuRP
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