Maria Luiza De Grandi, jornalista do periódico Ciência Rural. Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.
Desenir Pedro, Médica Veterinária da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Campinas, São Paulo, Brasil.
Os animais de laboratório são empregados em diversas atividades de ensino e pesquisa. Dentre as espécies mais usadas estão o camundongo e o rato. Apesar de toda importância que têm para o progresso da ciência, camundongos e ratos de laboratório ainda são negligenciados no Brasil quanto à sua condição sanitária, conforme evidências científicas que apontam a ocorrência de diferentes parasitoses nesses animais em biotérios do país.
Com o objetivo de desenvolver uma revisão integrativa de estudos científicos sobre o perfil parasitológico de ratos e camundongos em biotérios no Brasil, pesquisadoras vinculadas ao Programa de Pós-Graduação em Ciências e Biotecnologia (PPBI) da Universidade Federal Fluminense (UFF) desenvolveram o estudo Ratos e camundongos de laboratório do Brasil: décadas se passam, mas as infecções parasitárias permanecem, publicado na Ciência Rural (vol. 54, n.º1).
O estudo teve como base a pesquisa de relatos da ocorrência de parasitas em animais de laboratório de instalações brasileiras. Com base na pergunta “quais endoparasitas e ectoparasitas já foram identificados em colônias de ratos e camundongos em biotérios no Brasil?”, foram selecionados 28 estudos publicados entre 1974 e 2021 em quatro bases científicas. Nesses estudos, foram extraídas informações referentes aos parasitas reportados, às regiões brasileiras nas quais os biotérios estavam localizados e às características infraestruturais e de padrão sanitário das instalações.
A partir da investigação de evidências científicas recuperadas nos bancos de dados consultados, foram verificados relatos da ocorrência de 16 gêneros de parasitas em camundongos e 19 em ratos, nos 28 estudos analisados, publicados ao longo de 47 anos. Esses estudos abrangeram 12 das 27 unidades federativas brasileiras. Os dados analisados também mostraram que a maioria das instalações de onde provinham os animais era do tipo Convencional, que se caracteriza pela disponibilidade de poucas barreiras sanitárias em infraestrutura e manejo.
Os resultados evidenciaram a necessidade de maior rigor em relação à condição sanitária dos animais de laboratório utilizados em atividades acadêmico-científicas no Brasil. Em vista disso, o artigo propôs medidas para a melhoria das barreiras sanitárias e do manejo realizado nas instalações de animais de laboratório. Segundo Desenir Pedro, uma das autoras da pesquisa, os dados disponíveis no estudo podem servir como incentivo para que as instituições implementem programas de monitoramento da saúde de animais de laboratório, o que irá auxiliar na manutenção da qualidade sanitária dos animais.
“Além disso, os resultados do artigo dão luz ao tema para que o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA) reconheça a urgência de normas para o controle sanitário e que os órgãos financiadores desenvolvam editais de apoio à implementação de programas de monitoramento da saúde de animais de laboratório. Isso é fundamental para a comunidade científica brasileira, pois as infecções parasitárias impactam nos resultados das pesquisas”, explica Desenir.
Para ler o artigo, acesse
Pedro, D.A., Barreto, M.L. and Castro, H.C. Brazilian laboratory rats and mice: decades pass, but parasite infections remain. Ciência Rural [online]. 2024, vol. 54, no. 1, e20220452 [viewed 10 May 2024]. https://doi.org/10.1590/0103-8478cr20220452. Available from: https://www.scielo.br/j/cr/a/QC94bCRx849NqwcsJW3jyTL/
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