Rosa Emilia Moraes, Jornalista Científica, Linceu Editorial, São José dos Campos, SP, Brasil.
A Doença de Chagas, causada pelo parasita Trypanosoma cruzi, provoca uma inflamação crônica do miocárdio que leva à miocardiopatia chagásica, uma das principais causas de insuficiência cardíaca, e que no Brasil constitui a terceira indicação mais comum para encaminhamento ao transplante cardíaco (Silva, 2011).
Estudos recentes demonstraram que a inflamação local dos tecidos pode ser um aspecto determinante no desenvolvimento da hipertensão arterial pulmonar – condição que piora o prognóstico do transplante e pode torná-lo contraindicado. Sendo a hipertensão arterial pulmonar um quadro de origem multifatorial, é importante entender a biodinâmica implícita no estabelecimento da doença para otimizar os cuidados com os pacientes candidatos ou transplantados.
Com esse objetivo, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) – estado brasileiro que detém a segunda posição em número de transplantes cardíacos realizados no país (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, 2022), sendo 50% deles em decorrência da Doença de Chagas – desenvolveram o estudo Avaliação de biomarcadores inflamatórios em artérias pulmonares de transplantados cardíacos chagásicos e não chagásicos.
Imagem: Pixabay.
O artigo buscou avaliar o processo inflamatório nas artérias pulmonares de pacientes transplantados cardíacos chagásicos e não chagásicos, com e sem hipertensão arterial pulmonar, para investigar os mecanismos subjacentes envolvidos nesta síndrome que estejam associados com o transplante cardíaco.
Para isso, foram analisados biomarcadores inflamatórios através da medição dos níveis de interleucinas IL-6, IL-1β e TNF-α, que são elementos de defesa imunológica envolvidos na resposta inflamatória do corpo.
Através da contagem dessas substâncias no tecido das artérias pulmonares dos pacientes, foi possível observar que não houve diferença significativa entre os resultados dos grupos analisados, levando à conclusão de que o desenvolvimento da hipertensão arterial pulmonar em pacientes submetidos ao transplante cardíaco está mais relacionada com a origem da insuficiência cardíaca em si do que ao processo inflamatório associado à cardiopatia chagásica.
Além de trazer os resultados experimentais dispostos em tabelas comparativas, o estudo é embasado em vasta bibliografia de referências, e foi publicado na íntegra pelo Brazilian Journal of Transplantation (vol. 27, 2024).
Referências
ARAÚJO, E. and SILVA, D.A. Transplante cardíaco: co-morbidades e complicações apresentadas por pacientes em um hospital universitário de Belo Horizonte [online]. Repositório da Universidade Federal de Minas Gerais. 2011 [viewed 23 August 2024]. Available from: http://hdl.handle.net/1843/GCPA-8KUGWN
Dados numéricos da doação de órgãos e transplantes realizados por estado e instituição no período: janeiro/setembro-2022. Registro Brasileiro de Transplantes 2022 [online]. Janeiro/setembro 2022, Ano XXVIII, no. 3 [23 August 2024]. Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos. Available from: https://site.abto.org.br/wp-content/uploads/2022/11/rbt-naoassociado.pdf
Para ler o artigo, acesse
SILVA, M.V.P., et al. Avaliação de biomarcadores inflamatórios em artérias pulmonares de transplantados cardíacos chagásicos e não chagásicos. Brazilian Journal of Transplantation [online]. 2024, vol. 27, e3024 [viewed 23 August 2024]. https://doi.org/10.53855/bjt.v27i1.561_PORT. Available from: https://www.scielo.br/j/bjt/a/WV9DR4d5Bd8NS9n6DdhRQMP/
Links externos
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