Maria Luiza De Grandi, jornalista, Ciência Rural, Santa Maria, RS, Brasil.
Bruna Roque Loureiro, Laboratório de biologia e cultivo de peixes de água doce (LAPAD), Departamento de Aquicultura, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil.
A piscicultura é uma atividade de grande importância econômica e social, especialmente em pequenas propriedades rurais, onde contribui significativamente para a segurança alimentar e geração de renda. No entanto, a expansão dessa prática em áreas sensíveis tem gerado desafios relacionados à preservação ambiental e ao cumprimento da legislação ambiental vigente. A pesquisa Environmental compensation to recover damages to permanent preserved areas caused by the occupation of continental fish farms: a case study in Santa Catarina, Brazil, publicada pelo periódico Ciência Rural (vol. 55, no. 2, 2025) e desenvolvida na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), investiga a viabilidade de implementar uma compensação ambiental para a manutenção de estruturas de piscicultura em Áreas de Preservação Permanente (APPs) em pequenos imóveis rurais.
A pesquisa busca propor uma alternativa que permita conciliar a produção de peixe com a preservação ambiental, utilizando dados integrados e critérios técnicos para analisar a viabilidade dessa compensação, sem prejudicar a atividade produtiva nem o meio ambiente.
O estudo propôs um modelo de compensação ambiental específico para a piscicultura em pequenas propriedades rurais, de até 4 módulos fiscais. A pesquisa apontou que, quando bem aplicados, esses índices de compensação poderiam permitir a recuperação das áreas degradadas ou a criação de novos corredores ecológicos, sem comprometer a produção no campo. “A ideia foi integrar a produção agrícola com a preservação ambiental, uma necessidade urgente, considerando a importância econômica da piscicultura e a urgência na recuperação de áreas degradadas,” explica a pesquisadora Bruna Loureiro.
A proposta é baseada na análise de mapas ambientais que detalham as áreas de ocupação passivos ambientais e as normativas ambientais existentes. “Para que essa proposta seja viável, é essencial que os dados sobre a fauna e flora locais estejam melhor integrados e atualizados. Muitas vezes, informações essenciais são perdidas ou não são otimizadas,” ressalta Bruna. A importância dessa pesquisa vai além do seu impacto acadêmico, propondo alternativas para conciliar a conservação ambiental com a segurança alimentar e a viabilidade econômica dos pequenos piscicultores. A pesquisadora destaca que a implementação das propostas depende da consolidação de uma base de dados sólida, com informações técnicas bem integradas, para garantir tanto a recuperação das áreas degradadas quanto a segurança jurídica dos produtores.
Os resultados da pesquisa podem auxiliar órgãos ambientais e de extensão rural a criar dispositivos legais que orientem os produtores em relação à compensação e recuperação ambiental, dando mais segurança ao setor. Bruna também aponta a inovação do estudo, que sugere uma abordagem legal baseada em dados científicos sólidos, algo que ainda não havia sido explorado na área. “A agricultura de precisão e o geoprocessamento são ferramentas essenciais para decisões mais informadas, e nossa pesquisa traz o primeiro passo para a implementação dessas tecnologias no campo, especialmente para a piscicultura,” conclui a pesquisadora.
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LOUREIRO, B.R., et al. Environmental compensation to recover damages to permanent preserved areas caused by the occupation of continental fish farms: a case study in Santa Catarina, Brazil. Ciência Rural [online]. 2025, vol. 55, no. 2, e20230597 [viewed 24 April 2024]. https://doi.org/10.1590/0103-8478cr20230597. Available from: https://www.scielo.br/j/cr/a/FPXkKZXrXCfQzPLStkPRhhd/
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