Shaulla Figueira, assessora de imprensa, LGA Comunicação, Rio de Janeiro RJ, Brasil.
O estudo Comparison of the Effects of Alcoholic and Non-Alcoholic Red Wine on Flow-Mediated Dilation and Brachial Artery Vasodilation (vol. 38, 2025), publicado recentemente no International Journal of Cardiovascular Sciences pode revolucionar a crença popular de que beber vinho ajuda no combate às doenças cardiovasculares, a maior causa de morte no mundo.
A pesquisa mostrou que o vinho tinto com álcool, em vez de ajudar, pode prejudicar a função dos vasos sanguíneos ao reduzir a dilatação mediada por fluxo (DMF), um dos principais indicadores de saúde endotelial. Já o vinho não alcoólico, embora também provoque vasodilatação, não interferiu negativamente na função endotelial.
Pesquisadores da Universidade do Sul de Santa Catarina (UniSul) e do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina (ICSC) investigaram os efeitos imediatos do consumo de vinho tinto — com e sem álcool — em 22 indivíduos saudáveis, entre 18 e 40 anos, que foram voluntários em ensaio clínico controlado.
Realizado entre os dias 6 e 22 de agosto de 2024, o estudo tinha como objetivo responder a uma dúvida antiga: os benefícios cardiovasculares associados ao vinho estão ligados ao álcool ou a outras substâncias da bebida, como os flavonoides?
Conduzido pelos pesquisadores Daniel Medeiros Moreira, Luiza Frassetto Martins, Lucca Antonini Savas e Rafael Cegielka, o estudo utilizou ultrassonografia para medir a dilatação da artéria braquial antes e depois do consumo das bebidas. Cada participante tomou 200 ml de vinho alcoólico em uma sessão e, após uma semana, a mesma quantidade de vinho não alcoólico. A escolha dos vinhos foi baseada na equivalência do teor de flavonoides, com controle rigoroso do ambiente e dos protocolos de avaliação.
Os resultados apontaram que ambas as versões do vinho aumentaram o diâmetro da artéria, o que indica efeito vasodilatador. No entanto, só o vinho alcoólico causou uma redução significativa na DMF. Já a versão sem álcool preservou esse indicador de saúde vascular. A frequência cardíaca também caiu após o consumo do vinho não alcoólico, enquanto a pressão arterial se manteve estável em todos os testes. Nenhum dos participantes relatou efeitos adversos.
Embora tenha sido feito com uma amostra pequena (e predominantemente feminina) de voluntários, o estudo contribui para o debate sobre o papel do vinho na prevenção de doenças cardiovasculares. Os autores alertam que os efeitos negativos do álcool podem anular os benefícios dos polifenóis, como o resveratrol, especialmente em exposições agudas.
Para o futuro, a equipe sugere novos estudos com diferentes perfis populacionais e análises de longo prazo, para avaliar se o vinho não alcoólico pode ser uma alternativa mais segura e eficaz para a saúde do coração.
Para ler o artigo, acesse
MOREIRA, D.M., et al. Comparison of the Effects of Alcoholic and Non-Alcoholic Red Wine on Flow-Mediated Dilation and Brachial Artery Vasodilation. International Journal of Cardiovascular Science [online]. 2025, vol. 38, e20240240 [viewed 19 August 2025]. https://doi.org/10.36660/ijcs.20240240. Available from: https://www.scielo.br/j/ijcs/a/H8jf8yKjDmHJW39nbSrktRG
Links externos
International Journal of Cardiovascular Sciences (IJCS) – SciELO
International Journal of Cardiovascular Sciences
Sociedade Brasileira de Cardiologia
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