Excesso de peso e adolescência: quais os principais fatores envolvidos?

Por Isabelle Arruda Barbosa, Doutora em Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros, MG, Brasil

Estudo “Prevalência e fatores associados ao excesso de peso corporal em adolescentes”, publicado na Revista Acta Paulista de Enfermagem (vol. 32, no. 5), com o objetivo de analisar a prevalência de excesso de peso em adolescentes e fatores associados, revelou excesso de peso em 32,8% dos adolescentes, relacionado a antecedentes familiares de dislipidemia e à ingestão de álcool. Hábitos de comportamento e alimentares também estavam inadequados, porém sem associação significativa.

Trata-se de um estudo transversal, envolvendo adolescentes de ambos os sexos com idade média de 13,8, em que foram coletadas informações de saúde por autorrelato e foram feitos exames laboratoriais.

Dentre os fatores que favorecem o excesso de peso, há destaque para os comportamentais em oposição aos biológicos, sugerindo o estilo de vida como fator determinante da condição de saúde (WADDEN; BROWNELL; FOSTER, 2002), bem como os ambientes familiar, social e escolar (REILLY, 2005).

A literatura aponta que caso o adolescente apresente familiares com histórico familiar de colesterol alto e/ou de doença que afete as artérias do coração (homens <55 anos ou mulheres <65 anos) e o adolescente apresente, dentre outros, hipertensão, diabetes, obesidade ou doença aterosclerótica, torna-se candidato ao rastreio da hipercolesterolemia familiar, como preventivo para a aterosclerose (BRASIL, 2018). Assim, atentar para o perfil lipídico dos adolescentes e de seus familiares, torna-se justificável.

Já o consumo de álcool também é preocupante na adolescência, visto que encontra-se em fase de formação de sua identidade social e transformação corporal. Assim, o consumo, ainda que em pequenas quantidades, pode interferir na saúde dos adolescentes, além de serem altamente calóricas.

Por outro lado, o perfil lipídico, a prática de atividade física e o consumo alimentar de doces e alimentos ultraprocessados não foram associados ao excesso de peso dos adolescentes, como se esperava.

Neste sentido, a enfermagem por manter maior proximidade com a comunidade, pode implementar ações educativas individuais ou coletivas para os adolescentes, associado à investigação da história familiar para doenças crônicas, assim como dos hábitos alimentares e comportamentais.

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar: como ter uma alimentação saudável. Brasília: Ministério da Saúde, 2018 [viewed 14 November 2019]. Available from: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_alimentacao_saudavel.pdf

REILLY, J.J. Descriptive epidemiology and health consequences of childhood obesity. Best Pract Res Clin Endocrinol Metab. [online]. 2005, vol. 19, no. 3, pp. 327-341, ISSN: 1521-690X [viewed 14 November 2019]. DOI: 10.1016/j.beem.2005.04.002. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16150378

WADDEN, T.A., BROWNELL, K.D. and FOSTER, G.D. Obesity: Responding to the global epidemic. J Consult Clin Psychol. [online]. 2002, vol. 70, no. 3, pp. 510-525, e-ISSN: 1939-2117 [viewed 14 November 2019]. DOI: 10.1037//0022-006x.70.3.510. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12090366

Para ler o artigo, acesse:

BARBOSA, I.A., et al. Prevalência e fatores associados ao excesso de peso corporal em adolescentes. Acta paul. enferm. [online]. 2019, vol. 32, no. 5, pp. 485-492, ISSN: 0103-2100 [viewed 14 November 2019]. DOI: 10.1590/1982-0194201900068. Available from: http://ref.scielo.org/jswynb

Link externo

Acta Paulista de Enfermagem – APE: <http://www.scielo.br/ape>