Daniela Doulavince Amador, Docente na Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas (FEnf/UNICAMP). Campinas, SP, Brasil.
Myriam Aparecida Mandetta, Docente na Escola Paulista de Enfermagem da Universidade Federal de São Paulo (EPE/UNIFESP). São Paulo, SP, Brasil.
Pesquisadoras da Universidade Federal de São Paulo e da Universidade Estadual de Campinas, desenvolveram e validaram um jogo de tabuleiro para promover uma comunicação efetiva entre profissionais da saúde e crianças com câncer. O jogo intitulado “Skuba! Uma aventura no fundo do mar” foi desenvolvido utilizando-se a teoria socioconstrutivista de Vigostky como referencial teórico e o Child-Centered Game Development (CCGD), como referencial metodológico. O CCGD considera que para o desenvolvimento de jogos, a criança deve participar de todo o processo de criação e validação, de maneira que suas necessidades, crenças e percepções sejam incorporadas (Moser, 2015).
O jogo busca ir além do entretenimento constituindo-se como um espaço que permite à criança ampliar seu repertório de reações, a partir da projeção do que foi vivenciado durante as partidas, possibilitando uma mediação entre o lúdico e a realidade.
O artigo, publicado na revista Acta Paulista de Enfermagem e intitulado Desenvolvimento e validação de um jogo de tabuleiro para crianças com câncer, trata-se de uma pesquisa metodológica, na qual crianças entre 8 e 12 anos que estavam em tratamento oncológico, participaram de várias etapas no processo de desenvolvimento e validação do jogo. Através do estudo, as crianças foram encorajadas a assumirem o papel de informantes, usuárias, testadoras e, até mesmo, parceiras no design.
A construção do jogo ocorreu entre os meses de fevereiro/2016 e julho/2017. Os resultados do desenvolvimento do jogo são descritos de acordo com as fases de realização. Na análise inicial, crianças com diagnóstico de câncer trouxeram suas necessidades de informação e como gostariam de tê-las atendidas. Em seguida, em uma fase conceitual, foram definidos os elementos do jogo: público-alvo, cenário, personagens e dinâmica do jogo. Na fase de design, os elementos do jogo foram incorporados, resultando em um protótipo de baixa fidelidade do tabuleiro e das cartas do jogo. Posteriormente, em uma fase de implementação, uma versão-teste foi criada e testada por crianças em tratamento oncológico que jogaram partidas do jogo e trouxeram importantes considerações para adequação das ilustrações e do conteúdo de algumas cartas utilizando-se de linguagem mais acessível e clara. Acatadas as modificações sugeridas, surgiu a versão 1 do jogo de tabuleiro que, por fim, passou por um processo de validação de conteúdo com especialistas na temática, de avaliação da usabilidade com experts na área de jogos e de jogabilidade pelo público-alvo, ou seja, crianças com câncer, entre 8 e 12 anos, que estavam em tratamento quimioterápico. Assim, surgiu a versão final do Jogo.
O estudo evidencia a importância da participação da criança no processo de construção e validação de uma intervenção, contribuindo com suas necessidades em relação as informações a serem inseridas e trazendo importantes contribuições que influenciaram na versão final do jogo de tabuleiro Skuba! Uma aventura no fundo mar.
Nesse sentido, o jogo de tabuleiro construído e validado pode ser uma importante ferramenta no processo comunicacional da criança com o enfermeiro que a assiste, possibilitando uma escuta atenta e o compartilhamento de informações numa linguagem adequada, através de um ambiente diferenciado lúdico e dinâmico.
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MOSER, C. Child-Centered Game Development. Center for Human-Computer Interaction. Austria: University of Salzburg, 2015.
Para ler o artigo, acesse
AMADOR, D.D. and MANDETTA, M.A. Desenvolvimento e validação de um jogo de tabuleiro para crianças com câncer. Acta Paulista de Enfermagem [online]. 2022, vol. 35, eAPE00121 [viewed 26 April 2022]. https://doi.org/10.37689/acta-ape/2022AO00121. Available from: https://www.scielo.br/j/ape/a/NCyNqWc5mPyZWYfjp73VL9s/
Link(s)
Acta Paulista de Enfermagem – APE: https://www.scielo.br/j/ape/
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