Hanseníase: como a análise espacial e temporal auxilia na vigilância em saúde

Elisangela Aparecida Silva Lizzi, editora associada da Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do SUS; docente da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Cornélio Procópio, PR, Brasil.

O artigo Evolução temporal e distribuição espacial da hanseníase emLogo do periódico Epidemiologia e Serviços de Saúde município de baixa endemicidade no estado de São Paulo, publicado por Ramos e colaboradores no periódico Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do SUS (RESS, vol. 31, no. 1), analisou a distribuição espacial e temporal da hanseníase em Ribeirão Preto, município do interior do estado de São Paulo, em um período de dez anos (2006 a 2016), utilizando métodos analíticos espaciais e temporais específicos. Os resultados do estudo mostraram a importância das informações relacionadas ao perfil, tendência temporal e distribuição espacial dos casos no município, para subsidiar ações de vigilância em saúde sobre o evento.

O Brasil é o segundo país no mundo que mais registrou casos de hanseníase. A distribuição da doença é heterogênea no território nacional, observando-se diferenças entre estados, macrorregiões, municípios e distritos censitários. No estudo, os autores demonstraram que a taxa de detecção da hanseníase apresentou crescimento no município no período de estudo, e que a região com maior ocorrência da doença era caracterizada como de elevada vulnerabilidade e desigualdade social.

Enfermeiro(a) com luva segura a mão de uma pessoa e faz um exame de hanseníase

Imagem:Flickr

Os resultados do estudo contribuem para o planejamento e a implementação de ações estratégicas de vigilância em saúde para o controle da hanseníase no município de Ribeirão Preto, SP, especialmente na região de maior ocorrência da doença. Além disso, a autora ressalta que ações de monitoramento e políticas públicas focadas em investigações epidemiológicas no território podem identificar áreas de maior ocorrência e vulnerabilidade da hanseníase, sobretudo em áreas de baixa endemicidade que podem estar com baixa detecção.

A hanseníase tem cura. Porém, como o tratamento é longo (varia entre seis e doze meses) e ainda há abandono do protocolo, verifica-se o desenvolvimento de casos multirresistentes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveu a “Estratégia Global de Hanseníase 2021/2030 – Rumo à zero hanseníase” e busca sua implementação, visando contribuir para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com base nos seguintes pilares: ampliação das medidas de prevenção e detecção, tratamento e interrupção/eliminação da doença nos países endêmicos.

Para suplantar esses desafios, é necessário reforçar os investimentos em saúde pública e no SUS, como meio de garantir as ações de vigilância para o controle e eliminação da doença. Conforme mostra o estudo, métodos analíticos espaciais e temporais são ferramentas potentes para indicar locais prioritários para orientação e focalização das principais ações de controle da hanseníase.

Referências

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OMS Organização Mundial de Saúde. Estratégia Global de Hanseníase 2021-2030, “Rumo à zero hanseníase”. 2021 [viewed 8 August 2022]. Available from: https://www.who.int/pt/publications/i/item/9789290228509

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Para ler o artigo, acesse

RAMOS, A.C.V., et al. Evolução temporal e distribuição espacial da hanseníase em município de baixa endemicidade no estado de São Paulo. Epidemiol. Serv. Saúde [online]. 2022, vol. 31, exxx [viewed 8 August 2022]. https://doi.org/10.1590/S1679-49742022000100018. Available from: https://www.scielo.br/j/ress/a/wvNRcp8D8mt3r3JSq5MdPyq/

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

LIZZI, E.A.S. Hanseníase: como a análise espacial e temporal auxilia na vigilância em saúde [online]. SciELO em Perspectiva | Press Releases, 2022 [viewed ]. Available from: https://pressreleases.scielo.org/blog/2022/08/08/hanseniase-como-a-analise-espacial-e-temporal-auxilia-na-vigilancia-em-saude/

 

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