Thaynã Ramos Flores, Editora Associada da Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do SUS, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil.
Os erros de imunização podem influir negativamente na saúde da população, interferindo no cumprimento do esquema vacinal, reduzindo as coberturas vacinais e colocando em risco o controle das doenças imunopreveníveis, além de gerarem custos aos serviços de saúde. No Brasil, os registros de erros de imunização em indivíduos vacinados na rede pública são disponibilizados no Sistema de Informação de Vigilância de Eventos Adversos Pós-Vacinação (SI-EAPV).
Tem-se observado aumento do número de publicações de pesquisas internacionais e nacionais sobre erros de imunização. Estudos sobre o problema em Minas Gerais, o estado com maior número de municípios e o segundo estado mais populoso do país, podem contribuir substancialmente para se compreender quais os principais erros e quais suas causas mais frequentes em âmbito nacional. Um artigo intitulado Incidência de erros de imunização em Minas Gerais: estudo transversal, 2015-2019, de Donnini DA, et al., (2022), publicado recentemente no periódico Epidemiologia e Serviços de Saúde: revista do SUS (RESS, vol. 31, no.3), avaliou a incidência de erros de imunização na rede pública de saúde naquele estado.
Os erros de imunização foram classificados segundo o formulário para notificação/investigação de eventos adversos pós-vacinação, associados ao uso de vacina, soro ou imunoglobulina (erros de manuseio/conservação; erros de diluição; vacinação fora da idade recomendada; intervalo inadequado entre doses/vacina; erros de administração; tipo de imunobiológico utilizado; validade do imunobiológico vencida; outros). A definição de doses para as vacinas de rotina, idades recomendadas, intervalos mínimos entre doses e idades mínimas e máximas para administração foram operacionalizadas conforme o PNI.
Foram avaliadas 3.829 notificações de erros de imunização registradas na base de dados do SI-EAPV, no período de 2015 a 2019. Observou-se que em 38,9% dos municípios houve notificações de erros de imunização, com maior frequência de registros de crianças menores de 1 ano de idade (39,1%). As vacinas administradas por via intramuscular foram responsáveis por 29,4% dos erros, e o erro mais frequente foi a administração de vacina fora da idade recomendada (37,7%).
É importante atentar para a ocorrência desses erros nos serviços de saúde, por interferirem na qualidade da assistência prestada na sala de vacinação e, consequentemente, contribuírem para a redução da cobertura vacinal e aumento da resistência à vacinação.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações. Consolidado de doses aplicadas [online]. Brasília: Ministério da Saúde, 2021 [viewed 26 January 2023]. Available from: http://sipni.datasus.gov.br/si-pni-web/faces/inicio.jsf
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de vigilância epidemiológica de eventos adversos pós-vacinação. 4. ed. [online]. Brasília: Ministério da Saúde, 2021 [viewed 26 January 2023]. Available from: https://sbim.org.br/images/files/manual-vigilancia-epidemiologica-eventos-vacinacao-4ed.pdf
PACHECO, F.C., et al. Análise do Sistema de Informação da Vigilância de Eventos Adversos Pós-Vacinação no Brasil, 2014 a 2016. Rev Panam Salud Publica [online]. 2018, vol. 42, no. 12 [viewed 26 January 2023]. https://doi.org/10.26633/rpsp.2018.12. Available from: https://iris.paho.org/handle/10665.2/34861
Para ler o artigo, acesse
DONNINI, D.A., et al. Incidência de erros de imunização em Minas Gerais: estudo transversal, 2015-2019. Epidemiol. Serv. Saúde [online]. 2022, vol. 31, no. 3, e2022055 [viewed 26 January 2023]. https://doi.org/10.1590/S2237-96222022000300008. Available from: https://www.scielo.br/j/ress/a/yyJwnwbdzYbLcnq9VsLwBFy/
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