Renan Alves Pereira, jornalista e assessor de imprensa, Vital Agência de Comunicação, assessoria da Sociedade Brasileira de Cardiologia, São Paulo, SP, Brasil.
Estudos recentes têm trazido cada vez mais respostas para questões que desafiam o conhecimento científico sobre o aparelho auditivo. O texto publicado no International Journal of Cardiovascular Sciences (IJCS), periódico da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), leva em consideração a classificação que elege três tipos de perda de audição: a condutiva, a neurossensorial e a mista.
A perda condutiva pode ser causada por inflamações de diversas ordens e é reversível, diferente da perda neurossensorial, de cunho natural do processo de envelhecimento, que é irreversível. Já a perda mista pode afetar os ouvidos externo, médio e interno ao mesmo tempo.
O editorial Access to Health Services Among Deaf People: An Issue of Inclusion and Linguistic Rights surgiu como uma necessidade de sensibilizar pessoas que trabalham na área da saúde não apenas sobre a inclusão, mas, principalmente, sobre o direito que todos os cidadãos têm de se comunicar.
O direito linguístico é um direito humano e a inclusão é uma aplicação dos direitos constitucionais. Os surdos respondem por 5% da população total do Brasil, somando cerca de 10 milhões de pessoas. Esses números reforçam a importância de pessoas e espaços inclusivos que estejam capacitados para atender a diversidade humana de maneira apropriada.
O Brasil ainda precisa melhorar seu oferecimento de serviços de saúde para pessoas com deficiência auditiva tanto na rede pública quanto na rede privada, afirma o estudo. A falta de acessibilidade impossibilita que pacientes surdos consigam expressar seu contexto e sintomas para o médico.
Mesmo que tais pacientes sejam acompanhados por familiares, em alguns casos estes podem omitir falas ou não entender a importância de informações que o paciente deseja compartilhar no consultório. Com esse quadro em perspectiva, é essencial que trabalhadores da saúde estejam em plenas condições de realizar um atendimento adequado em Libras ou que as consultas sejam assessoradas por intérpretes.
A comunicação é essencial para viver em sociedade. No que diz respeito às questões de saúde, uma pesquisa citada no texto demonstrou que 40% das pessoas surdas não conseguiam listar sintomas de ataque cardíaco e 60% não conseguiam listar sintomas de derrame cerebral.
É sintomático queo conhecimento sobre doenças cardiovasculares em pessoas surdas seja menor do que entre pessoas sem deficiência auditiva, portanto os autores ressaltam a importância de falantes de línguas de sinais serem introduzidos aos conceitos de saúde.
A inclusão precisa ser verdadeiramente praticada, e a ampliação do ensino de Libras precisa ser incentivada. De acordo com os autores, “o atendimento médico humanizado só pode ser alcançado quando a comunicação não for mais uma barreira”. A compreensão do mundo, das dores e das necessidades de pessoas com deficiência é de suma importância para melhorar o acesso à saúde e diminuir desigualdades.
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FRANCISCO, G.S.A.M. and MESQUITA, C.T. Access to Health Services Among Deaf People: An Issue of Inclusion and Linguistic Rights. Int. J. Cardiovasc. Sci. [online]. 2023, vol. 36, e20220196 [viewed 13 March 2023]. https://doi.org/10.36660/ijcs.20220196. Available from: https://www.scielo.br/j/ijcs/a/yf6rwB53fQVzSzSQmvrb8hv/
Links externos
International Journal of Cardiovascular Sciences – IJCS: https://www.scielo.br/j/ijcs/
International Journal of Cardiovascular Sciences: https://ijcscardiol.org/
Sociedade Brasileira de Cardiologia: https://www.portal.cardiol.br/
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