Revestimento à base de amido de mandioca prolonga a vida útil de aspargos verdes

Fabiana Sabadini Rezende Niglio, Coordenadora de Comunicação do Brazilian Journal of Food Technology, Campinas, SP, Brasil. 

Silvia Pimentel Marconi Germer, Editora adjunta do Brazilian Journal of Food Technology, Campinas, SP, Brasil.

Logo do periódico Brazilian Journal of Food Technology

O aspargo é uma hortaliça muito valorizada na gastronomia. Além de seu sabor especial, é rica em fibras, compostos antioxidantes e bioativos, apresentando baixos índices calóricos. Entretanto, devido ao conteúdo de enzimas e à alta taxa de respiração, a vida pós-colheita da hortaliça é curta, de alguns dias, dependendo da temperatura de armazenamento. As alterações observadas são perda de peso, cor e firmeza, dentre outros parâmetros de qualidade. O uso de embalagens modificadas (MAP), bem como de coberturas comestíveis à base de carboidratos, ambos associados à refrigeração, são técnicas pós-colheita pesquisadas para a conservação da hortaliça fresca (Anastasiadi et al., 2022).

Nesse contexto, pesquisadores da Universidade Federal do Semi-Arido (UFERSA), em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Universidade de Cranfield (Inglaterra), avaliaram o uso de revestimentos comestíveis à base de mandioca para o prolongamento da vida útil da hortaliça. Os resultados foram apresentados no artigo Validade de aspargos verdes usando revestimento de mistura de mandioca e quitosana, publicado no volume 27 (2024) da revista Brazilian Jounal of Food Technology. O estudo é inovador, uma vez que não há referências com relação ao uso da fécula em filmes comestíveis para o aspargo.

Foram desenvolvidas inicialmente três soluções filmogênicas, preparadas de acordo com Oliveira et al. (2018): T1, com amido de mandioca 2,5% (m/v); T2, com quitosana 0,5%; e T3, um blend de amido de mandioca (2.5%) e quitosana (0.5%).   Os filmes foram analisados quanto à cor e às propriedades mecânicas e de barreiras físicas.

Aspargos frescos enrolados cuidadosamente em um guardanapo listrado verde, branco e bege, com as pontas apontando para a esquerda. Eles estão dispostos sobre uma mesa de madeira rústica ao lado de uma faca com cabo de madeira escura.

Imagem: Canva.

Para a aplicação dos revestimentos, os aspargos foram previamente higienizados e cortados (15 cm). As amostras foram, então, mergulhadas nas soluções filmogênicas por 5 minutos e, em seguida, resfriadas a 23ºC (75% de umidade relativa) por 2 horas, para a formação da cobertura. Um tratamento controle foi realizado com água deionizada. Ao final, as amostras foram acondicionadas em bandejas envoltas com filme comercial (cloreto de polivinila) e mantidas a 7°C (70% de umidade relativa), por sete dias, em uma câmara de armazenamento. Empregou-se luz artificial, simulando as condições de varejo. Análises físicas e químicas foram realizadas ao final do período.

Os resultados mostraram que o filme T3, obtido com a mistura dos aditivos pesquisados, apresentou melhores propriedades mecânicas, bem como melhores taxas de permeabilidade do vapor de água.  As amostras revestidas com o referido filme apresentaram menor perda de peso, alterações mais discretas da cor e da textura.

O estudo revelou ser possível prolongar a qualidade da hortaliça por até 7 dias, um período mais interessante comercialmente. Embora a produção brasileira de aspargos ainda seja pequena, o mercado consumidor está mais exigente, e vem intensificando a demanda da hortaliça na forma fresca.  A tecnologia desenvolvida, portanto, traz contribuições para a cadeia produtiva, permitindo a expansão de mercado para diferentes regiões. 

Referências

ANASTASIADI, M., COLLINGS, E.R. and TERRY, L.A. Investigating the role of abscisic acid and its catabolites on senescence processes in green asparagus under controlled atmosphere (CA) storage regimes. Postharvest Biology and Technology [online]. 2022, vol. 188, pp. 111892 [viewed 22 April 2024]. https://doi.org/10.1016/j.postharvbio.2022.111892. Available from: https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0925521422000606  

OLIVEIRA, V.R.L., et al. Use of biopolymeric coating hydrophobized with beeswax in post-harvest conservation of guavas. Food Chemistry [online]. 2018, vol. 259, pp. 55-64 [viewed 22 April 2024].  https://doi.org/10.1016/j.foodchem.2018.03.101. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S030881461830534X?via%3Dihub 

Para ler o artigo, acesse

AROUCHA, E., et al. Shelf-life of green asparagus using cassava and chitosan blend coating. Braz. J. Food Technol. [online]. 2024, vol. 27, e2022138 [viewed 22 April 2024]. https://doi.org/10.1590/1981-6723.13822. Available from: https://www.scielo.br/j/bjft/a/jW8gZtMqMY7LTF3fTX8nF4D/       

Links externos

Brazilian Journal of Food Technology – BJFT: https://www.scielo.br/revistas/bjft/paboutj.htm

Brazilian Journal of Food Technology – BJFT: http://bjft.ital.sp.gov.br/

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Como citar este post [ISO 690/2010]:

NIGLIO, F.S.R. and GERMER, S.P.M. Revestimento à base de amido de mandioca prolonga a vida útil de aspargos verdes [online]. SciELO em Perspectiva | Press Releases, 2024 [viewed ]. Available from: https://pressreleases.scielo.org/blog/2024/04/22/amido-de-mandioca-prolonga-a-vida-util-de-aspargos-verdes/

 

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