Fernanda Gorayeb, Médica nefrologista do Programa de Fellowship em Gestão Editorial, Sociedade Brasileira de Nefrologia, São Paulo, SP, Brasil.
Gisele Meinerz, Médica nefrologista do Programa de Fellowship em Gestão Editorial, Sociedade Brasileira de Nefrologia, São Paulo, SP, Brasil.
Renata Mendes, Professora Adjunta de Nefrologia na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Programa de Fellowship em Gestão Editorial, Sociedade Brasileira de Nefrologia, São Paulo, SP, Brasil.
A hemodiafiltração (HDF) é um tipo de terapia de substituição renal por hemodepuração que combina os métodos de difusão e convecção, promovendo assim maior depuração de moléculas médias, prometendo benefícios como melhor estabilidade hemodinâmica e maior sobrevida dos pacientes com doença renal crônica (DRC) em diálise. Porém, tal promessa não vem sem críticas. A seguir, destacamos três artigos publicados no Brazilian Journal of Nephrology (vol. 46, n.º 2, 2024) sobre HDF, mostrando diferentes perspectivas.
No artigo Controvérsia sobre os achados do estudo CONVINCE: a perspectiva PRO, o Dr. Bernard Canaud, da França, discute que os resultados demonstrando impacto significativo na mortalidade desafiam o uso convencional da hemodiálise e marcam um avanço inequívoco no tratamento da DRC. Para o autor, as controvérsias acerca da generalização dos resultados, a identificação de subgrupos que teriam maior benefício e a sustentabilidade do tratamento serão respondidas em estudos futuros, e não diminuem a validade dos dados publicados. Na sua opinião, “a hemodiafiltração será a próxima mudança de paradigmas na terapia renal substitutiva”.
No artigo intitulado Hemodiafiltração: uma sinergia ainda não convincente, o Dr. Brammah Rajarajeswaran Thangarajah, do Sri Lanka, oferece uma análise perspicaz sobre os estudos recentes em HDF. Destacando que pesquisas recentes têm demonstrado uma maior sobrevida dos pacientes submetidos à HDF, especialmente em grupos selecionados com acesso vascular favorável e uma carga menor de comorbidades.
Um dos principais desafios apontados é a complexidade técnica envolvida na HDF, que está associada a custos mais elevados. Apesar das evidências sugerindo melhorias na qualidade de vida, redução da morbidade e aumento da sobrevida, o Dr. Thangarajah ressalta a necessidade de compreender o impacto da HDF nos resultados percebidos pelos próprios pacientes. Ele avalia criticamente a viabilidade e implicações da adoção da HDF como o principal método de diálise. Sua análise destaca a importância de ponderar cuidadosamente as demandas técnicas, custos e benefícios potenciais antes de advogar pela adoção generalizada dessa modalidade.
Por fim, o artigo Hemodiafiltração on-line de alto volume: uma perspectiva global e a experiência brasileira faz uma revisão do tema, e traz resultados iniciais de um estudo desenvolvido em diversas clínicas de diálise brasileiras na implementação da modalidade. Para os autores, a meta de atingir altos volumes convectivos pode ser alcançada de forma segura e sem barreiras, trazendo claros benefícios para o aumento da eficiência de remoção de solutos. A implementação da HDF utilizando protocolos baseados nas melhores evidências e práticas clínicas é essencial para a obtenção dos melhores resultados clínicos do ponto de vista de eficácia e segurança.
Segundo a autora Maria Eugênia F. Canziani: “A hemodiafiltração on-line é uma modalidade dialítica em rápido crescimento no mundo. No Brasil, o número de pacientes com planos de saúde privados tratados por HDF já ultrapassa aquele de pacientes em diálise peritoneal. Vários estudos demonstraram que o alcance de um alto volume convectivo está associado à redução de desfechos clínicos e do risco de morte, confirmando os benefícios da HDF. O objetivo dessa publicação é a disseminação de informações técnicas que possam auxiliar na utilização, com qualidade e segurança, dessa nova modalidade dialítica em nosso meio” resume a autora.
Para ler os artigos, acesse
CANAUD B. and BLANKESTIJN P. Controvérsia sobre os achados do estudo CONVINCE: a perspectiva PRO. Braz. J. Nephrol. [online]. 2024, vol. 46, no. 2, e2024PO01 [viewed 06 August 2024]. https://doi.org/10.1590/2175-8239-JBN-2024-PO01pt. Available from: https://www.scielo.br/j/jbn/a/BcL5GB5rfTpdjhHqXF8r6KM/
THANGARAJAH, B.R. Hemodiafiltração: uma sinergia ainda não convincente. Braz. J. Nephrol. [online]. 2024, vol. 46, no. 2, e2024PO02 [viewed 06 August 2024]. https://doi.org/10.1590/2175-8239-JBN-2024-PO02pt Available from: https://www.scielo.br/j/jbn/a/hFxg7NmrVR3SqmvtjQBX7jM/
CANZIANI, M.E.F., et al. Hemodiafiltração on-line de alto volume: uma perspectiva global e a experiência brasileira. Braz. J. Nephrol. [online]. 2024, vol. 46, no. 2, e20230104 [viewed 06 August 2024]. https://doi.org/10.1590/2175-8239-JBN-2023-0104pt. Available from: https://www.scielo.br/j/jbn/a/WykNjZwBSZTt4qHDGdFqwgP/
Links externos
Brazilian Journal of Nephrology – SciELO: www.scielo.br/jbn/
Brazilian Journal of Nephrology – BJN: https://www.bjnephrology.org/
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