Maria Luiza De Grandi, jornalista da revista Ciência Rural. Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil.
Itabajara da Silva Vaz Junior, pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
Parasita endêmico de regiões de pecuária, Rhipicephalus (Boophilus) microplus é um carrapato duro que causa perdas econômicas nos principais países produtores de carne bovina, incluindo o Brasil, causando um prejuízo estimado de até US$ 3,2 bilhões ao ano no país. O uso de acaricidas ainda é a principal estratégia para controlar infestações por R. microplus, porém, as vacinas têm se mostrado uma alternativa adequada e possuem diversas vantagens, por evitar a seleção de populações de carrapato resistentes a drogas e a presença de resíduos de acaricidas no leite, na carne e no ambiente.
Há mais de três décadas, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) têm trabalhado visando desenvolver vacinas contra o carrapato bovino. Os diferentes resultados obtidos mostraram o potencial do uso tecnológico de várias proteínas de carrapato, sendo todas elas testadas como antígenos vacinais contra o carrapato bovino e carrapatos de outras espécies. Recentemente, em parceria com a instituição paquistanesa Abdul Wali Khan University, os pesquisadores da UFRGS desenvolveram o artigo Potenciais vacinas contra Rhipicephalus microplus: uma alternativa ao controle químico?, publicado na Ciência Rural (vol. 54, n.º 3).
O artigo consiste em uma revisão bibliográfica, focada nas restrições impostas ao uso de acaricidas no Brasil e na União Europeia, bem como nos impactos das vacinas baseadas em Bm86 no controle do R. microplus. Neste texto, também é discutida a eficácia de vacinas anti-carrapatos experimentais. Segundo o pesquisador Itabajara Vaz, resultados prévios caracterizaram proteínas de diferentes espécies de carrapatos com potencial para serem utilizadas em uma vacina, servindo de base para a formulação de 20 patentes depositadas junto ao INPI, uma no serviço de registro no Uruguai e uma no Paquistão.
“O grupo tem usado diferentes metodologias de bioquímica, imunologia e biologia molecular para identificar e selecionar componentes de vias fisiológicas que sejam cruciais para a fisiologia do parasito. Por exemplo, avanços nas tecnologias “ômicas” (como genômica, transcriptômica e proteômica) abriram um leque de oportunidades para facilitar e ampliar a capacidade de identificar novos antígenos vacinais”, explica o pesquisador.
De acordo com Vaz, recentemente, o grupo de pesquisa tem desenvolvido um projeto em parceria com uma empresa brasileira de produtos veterinários para analisar a viabilidade técnica-comercial de uma vacina desenvolvida pelo grupo de pesquisa para controle de carrapato.
Referências
Parizi, L.F., et al. Universal Tick Vaccines: Candidates and Remaining Challenges. Animals [online]. 2023, vol. 13, no. 12, pp. 2031 [viewed 30 August 2024]. https://doi.org/10.3390/ani13122031. Available from: https://www.mdpi.com/2076-2615/13/12/2031
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PARIZI, L.F., et al. Multi-antigenic vaccine against the cattle tick Rhipicephalus (Boophilus) microplus: a field evaluation. Vaccine [online]. 2012, vol. 30, no. 48, pp. 6912-7 [viewed 30 August 2024]. https://doi.org/10.1016/j.vaccine.2012.08.078. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0264410X12012972?via%3Dihub
Para ler o artigo, acesse
SILVA, L.A.D., et al. Vaccination against Rhipicephalusmicroplus: an alternative to chemical control? Ciência Rural [online]. 2024, vol., 54, no. 3, e20230161 [viewed 30 August 2024]. https://doi.org/10.1590/0103-8478cr20230161. Available from: https://www.scielo.br/j/cr/a/7SXWNT8YpNNQNp73QRSJSXC/
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