Por Ana Cláudia Puggina, professora, pesquisadora da Universidade Guarulhos (UNG), Guarulhos, SP, Brasil
Os autores destacam que a Terapia da Alegria, Terapia do Riso ou Risoterapia é um método terapêutico existente desde a década de 1960. Foi propagado pelo médico americano Hunter Adams chamado de “Patch Adams”, que desde a sua época de estudante já implantava o método em hospitais e escolas. O riso tem a capacidade de reduzir os efeitos danosos que o estresse gera no organismo, pois quando o indivíduo ri, o sistema parassimpático, por meio das encefalinas, atua no sistema imune, aumentando a concentração de anticorpos e aliviando as dores provocadas pelo sistema simpático. Além disso, o nível de cortisol sérico diminui, o cérebro libera endorfinas, substâncias que aliviam a dor e garantem sensação de bem-estar. O riso beneficia o indivíduo também em aspectos sociais: melhora o vínculo entre as pessoas e clarifica a comunicação interpessoal, tornando-o uma comunicação não verbal de bem-estar. A linguagem corporal não verbal traz muitas mensagens para bons observadores ao completar, substituir ou contradizer o verbal, cabendo ao profissional de saúde perceber os sinais e interpreta-los. Dessa forma, dentre as maneiras de minimizar os efeitos perniciosos da hospitalização está a atividade lúdica, estratégia que ajuda a criança a expressar seus próprios sentimentos. Nesse sentido, o artigo intitulado “Efeito da interação com palhaços nos sinais vitais e na comunicação não verbal de crianças hospitalizadas” publicado na Revista Paulista de Pediatria, volume 34, número 4 de 2016 apresenta como conhecer melhor os efeitos da interação lúdica dos palhaços na comunicação não verbal e nos parâmetros fisiológicos da criança hospitalizada.
O estudo foi realizado no período de novembro de 2014 a março de 2015 na unidade de pediatria de um hospital público universitário, com 41 crianças de 2 a 11 anos. Foram excluídas do estudo crianças com deficiência intelectual e visual pela dificuldade de interação com os palhaços e de identificação do desenho da escala facial de dor. As crianças foram informadas sobre as mensurações por uma pesquisadora vestida com roupas comuns. Após a verificação dos sinais vitais e observação prévia da comunicação não verbal houve uma interação lúdica de 20 minutos com alunos membros da Liga da Alegria da Faculdade de Medicina de Jundiaí. A pesquisadora observou e anotou a linguagem não verbal durante a interação. Logo após, verificou novamente os sinais vitais da criança.
Os autores verificaram alterações estatisticamente significativas na comparação das médias antes e depois da interação, sendo que depois da interação lúdica, as pressões arteriais sistólicas e diastólicas aumentaram e a dor diminuiu. “As mudanças comportamentais não verbais encontradas nas crianças que mantiveram a interação com os palhaços demonstraram a efetividade dessa atividade lúdica como recurso terapêutico. As crianças mostraram-se, em termos gerais, mais relaxadas, abertas e sorridentes. A intervenção foi capaz de modificar o contexto inicial”, afirma a doutora em enfermagem Ana Claudia Puggina, uma das autoras da pesquisa.
Segundo Ana Claudia, há poucos estudos científicos que se propõem a investigar os efeitos da interação com palhaços em indicadores mais objetivos (sinais vitais e comunicação não verbal). “Este estudo se apresenta relevante a interação lúdica com palhaços como um recurso terapêutico para minimizar os efeitos do ambiente estressor durante a interação, melhorar o estado emocional das crianças e diminuir a percepção de dor. Ele contribui para a popularização do conhecimento científico pois o objeto de investigação, o brincar, é um recurso terapêutico importante no desenvolvimento infantil, de baixo custo e viável no ambiente hospitalar”, destacou a doutora Ana Cláudia Puggina.
Para ler o artigo, acesse:
ALCANTARA, P.L., et al. Efeito da interação com palhaços nos sinais vitais e na comunicação não verbal de crianças hospitalizadas. Rev. paul. pediatr. [online]. 2016. vol. 34, no. 4, pp. 432-438, ISSN: 1984-0462 [viewed 08 January 2017]. DOI: 10.1016/j.rppede.2016.02.011. Available from: http://ref.scielo.org/cjwrdf
Link externo
Revista Paulista de Pediatria – RPP: <http://www.scielo.br/rpp>
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