Pesquisa aponta a viabilidade de microRNAs como biomarcadores de doenças cardíacas em cães e gatos

Por Marcela Wolf, aluna de mestrado do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil

Artigo publicado na revista Ciência Rural (v. 47, n. 7), intitulado “MicroRNAs em cardiologia veterinária” compilou dados das principais evidências científicas com a utilização dos microRNAs como biomarcadores em diversas cardiopatias em cães e gatos.

Os biomarcadores vêm crescendo na medicina veterinária, pois permitem, de forma não invasiva, a quantificação de substâncias com potencial para avaliação prognóstica e diagnóstica em diversas doenças e cada vez mais, há o surgimento de novas evidências que mostram que a alteração na expressão dos microRNAs está envolvida na patogênese de diversas doenças, demonstrando seu potencial biomarcador.

Os microRNAs estão potencialmente envolvidos em uma série de eventos biológicos e patológicos e são compostos de aproximadamente 19 a 25 nucleotídeos de extensão (ZHANG, et al., 2015). Nos últimos anos, há um crescente interesse em marcadores genéticos e genômicos nas cardiopatias, e a avaliação da expressão dos microRNAs pode ser uma promessa para sua utilização como biomarcadores (IKEDA; PU, 2010; ORENES-PIÑERO, et al., 2015), além de poderem auxiliar na compreensão de etiopatogenias e em novas abordagens terapêuticas na cardiologia veterinária.

Os pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), realizaram uma revisão bibliográfica dos estudos da área, compilando diversas evidências científicas da viabilidade da avaliação da expressão dos microRNAs em diversas cardiopatias em cães e gatos. Eles constataram que, em alguns casos, esses elementos podem ser utilizados como biomarcadores diagnósticos, visto que alguns microRNAs se superexpressam em determinadas doenças e alguns se subexpressam, podendo ser diferentes inclusive a depender do estágio da doença, e assim podem ser utilizados como fatores de avaliação prognóstica e até como possíveis promessas no campo terapêutico. Além disso, os microRNAs também ajudariam a esclarecer a fisiopatogenia de algumas doenças cardíacas ainda não totalmente esclarecidas em cães e gatos, como a cardiomiopatia hipertrófica dos felinos (WEBER, et al., 2015).

Segundo a pesquisadora Marcela Wolf, diversos biomarcadores já são reconhecidos e utilizados na Medicina Veterinária, especialmente na área de cardiologia. “Essa pesquisa mostra novos horizontes no campo dos biomarcadores cardíacos, sendo úteis para o diagnóstico, compreensão de etiopatogenias e abordagem terapêutica em cardiologia veterinária”, comenta ela.

Referências

IKEDA, S. and PU, W.T. Expression and function of MicroRNAs in heart disease. Current Drug Targets [online]. 2010, vol. 11, no. 8, pp. 913-925, ISSN: 1873-5592 [viewed 18 August 2017]. DOI: 1389-4501/10 $55.00+.00. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20415651

ORENES-PIÑERO, E., et al. Novel biomarkers in cardiology: MicroRNAs in atrial fibrillation. Archivos de Cardiología de México [online]. 2015, vol. 85, no. 3, pp. 225-229, ISSN: 1405-9940. DOI: 10.1016/j.acmx.2015.01.005 [viewed 18 August 2017]. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25957926

WEBER, K., et al. Serum microRNA profiles in cats with hypertrophic cardiomyopathy. Molecular and Cellular Biochemistry [online]. 2015, vol. 402, pp. 171-180, ISSN: 1573-4919 [viewed 18 August 2017]. DOI: 10.1007/s11010-014-2324-8. Available from: http://link.springer.com/article/10.1007/s11010-014-2324-8

ZHANG, Y. , et al. MicroRNA profiling of atrial fibrillation in canines: MiR-206 modulates intrinsic cardiac autonomic nerve remodeling by regulating SOD1. PloS one [online]. 2015, vol. 10, no. 3, pp. 1-16, ISSN: 1932-6203 [viewed 18 August 2017]. DOI: 10.1371/journal.pone.0122674. Available from: http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0122674

Para ler o artigo, acesse

WOLF, M., MUEHLBAUER, E. and SOUSA, M. G. MicroRNAs em cardiologia veterinária. Cienc. Rural [online]. 2017, vol. 47, no. 7, e20161059, ISSN: 1678-4596 [viewed 18 August 2017]. DOI: 10.1590/0103-8478cr20161059. Available from: http://ref.scielo.org/c9gdfy

Link externo

Ciência Rural – CR: <http://www.scielo.br/cr>