Por Lisia Maria Gobbo dos Santos, Tecnologista em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Fundação Oswaldo Cruz, INCQS, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Os pesquisadores envolvidos com o estudo tinham como objetivo determinar e comparar as concentrações de metais na erva-mate (Ilex paraguariensis) comercializadas e consumidas nos diferentes estados do sul do Brasil. Pesquisas anteriores já haviam detectado a presença de muitas vitaminas e metais na erva-mate, oriundos da própria composição mineral da planta ou da contaminação dos solos águas pelo uso de fertilizantes, pesticidas, combustão de carvão e óleo, incineração de resíduos urbanos e industriais, entre outros processos. No estudo “Determinação da concentração de arsênio, cádmio e chumbo em amostras de erva-mate comercializadas no Sul do País por espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado” publicado em Ciência Rural (vol. 47, no. 12), os pesquisadores testaram 104 amostras coletadas em supermercados dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, determinando os níveis de concentração dos metais arsênico, cádmio e chumbo, por meio do uso da espectrometria de massa por plasma indutivamente acoplado (ICP-MS), modelo Nexion 300D (Perkin Elmer). A pesquisa se baseou em estudos anteriores sobre metais tóxicos em erva-mate, como os de SAIDELLES, et al. (2009; 2013) e de Ernst (2002), sobre ervas asiáticas.
Segundo os resultados, as amostras de erva-mate apresentam contaminação por cádmio e chumbo. A concentração de cádmio foi superior ao limite estabelecido pela ANVISA em 84% das amostras do Rio Grande do Sul, 75% das amostras do Paraná e 63% das amostras de Santa Catarina. Ainda assim, a concentração desses metais na infusão é baixa.
A pesquisadora Lisia Maria Gobbo dos Santos comenta que o estudo fornece informações importantes para auxiliar os órgãos competentes na avaliação do valor máximo de metais permitido para esses produtos. O grande número de amostras de diferentes estados e marcas de erva-mate, englobando quase 80% das marcas disponíveis no mercado, permitiu aos pesquisadores terem uma visão geral da concentração de metais em um produto muito consumido na região sul do país. Segundo Lisia, a probabilidade de risco relacionada ao consumo dessas infusões precisa ser elucidada por outras pesquisas, consolidando os conhecimentos sobre a erva-mate.
Referências
ERNST, E. Toxic heavy metals and undeclared drugs in Asian herbal medicines. Trends in Pharmacological Sciences [online]. 2002, vol. 23, no. 3, pp. 136-139, ISSN: 0165-6147 [viewed 30 November 2017]. DOI: 10.1016/S0165-6147(00)01972-6. Avaliable from: http://www.cell.com/trends/pharmacological-sciences/fulltext/S0165-6147(00)01972-6?_returnURL=http%3A%2F%2Flinkinghub.elsevier.com%2Fretrieve%2Fpii%2FS0165614700019726%3Fshowall%3Dtrue
SAIDELLES, A.P.F., et al. Análise de metais em amostras comerciais de erva-mate do Sul do Brasil. Alim. Nutr. [online]. 2010, vol. 21, no. 2, pp. 259-265, ISSN: 0103-4235 [viewed 30 November 2017]. Avaliable from: http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/alimentos/article/viewFile/996/a12v21n2.pdf
SAIDELLES, A.P.F., et al. Determinação de Cu, Ni e Zn por Icp-Ms e infusões da erva-mate comercializadas nas regiões do Sul do Brasil. Alim. Nutr. Braz. J. Food Nutr. [online]. 2013, vol. 24, no. 3, pp. 283-289, ISSN: 0103-4235 [viewed 30 November 2017]. Avaliable from: http://serv-bib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/alimentos/article/view/291/2160
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SANTOS, L.M.G., et al. Determinação da concentração de arsênio, cádmio e chumbo em amostras de erva-mate comercializadas no Sul do País por espectrometria de massa com plasma indutivamente acoplado. Cienc. Rural [online]. 2017, vol. 47, no. 12, e2170202, ISSN: 1678-4596 [viewed 30 November 2017]. DOI: 10.1590/0103-8478cr20170202. Avaliable from: http://ref.scielo.org/kk5sqx
Link externo
Ciência Rural – CR: <http://www.scielo.br/cr>
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