Fabiana Sabadini Rezende Niglio, Coordenadora de Comunicação e Silvia Pimentel Marconi Germer, Editora adjunta do Brazilian Journal of Food Technology, Campinas, SP, Brasil
Pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz (IAL) e da Universidade de São Paulo (USP) estudaram a aplicação da técnica de imunoensaio ELISA, para detecção do parasito Taxoplasma gondii (T. gondii), causador da toxoplasmose, em cortes de carne e de carnes de sol. Os resultados estão apresentados no artigo intitulado “Avaliação da técnica de ELISA para pesquisa de IgG anti-Toxoplasma gondii em exsudatos de carnes de sol”, publicado no Brazilian Journal of Food Technology (vol. 21).
A transmissão da toxoplasmose, doença infecciosa, é causada pelo parasito Taxoplasma gondii (T. gondii), protozoário que pode se manifestar de forma assintomática. O consumo de carnes cruas ou mal passadas, bem como de produtos cárneos artesanais, tais como as carnes de sol, é apontado como uma das principais formas de transmissão da doença. Os ensaios atualmente empregados, tais como PCR ou bioensaio, para a pesquisa dos cistos do protozoário, não é suficiente na garantia da segurança, pois a distribuição dos mesmos não é homogênea nas carnes (MECCA; MEIRELES; ANDRADE JUNIOR, 2011).
A equipe empregou 32 cortes de carne bovina, provenientes de animais infectados experimentalmente com T. gondii (MARCIANO, 2013), bem como cortes de carne de sol produzidas a partir desse material. No estudo, foi utilizada a técnica de padronização do exsudado das amostras por meio da diluição, seguida de incubação e técnica espectofotométrica para a detecção. Considerou-se um cut off de 0,470 nm para a separação de amostras positivas e negativas. Os resultados mostraram que a técnica é viável em cortes de carne, entretanto, para carne de sol, o processamento com sais interferiu na exsudação da carne, e na obtenção de material para o ensaio.
Apesar de ser um tema de saúde pública importante, não existe nenhum controle sanitário para a detecção de cistos T. gondii em carnes destinadas ao consumo humano. O método de diagnóstico em questão é sensível e rápido, podendo ser aplicado em larga escala na linha de abate, ou mesmo em amostras de carnes já processadas, evitando o consumo de alimentos contaminados por grupos de risco como imunossupimidos, idosos, gestantes e crianças. Segundo os autores, a metodologia do estudo pode auxiliar no desenvolvimento de políticas públicas para surtos epidêmicos que envolvam a carne bovina e para o controle de zoonoses transmitidas pela carne comercializada no varejo.
Referências
MARCIANO, M.A.M. Pesquisa de IgG anti-Toxoplasma gondii em exsudato cárneo para monitoramento da qualidade da carne bovina. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2013.
MECCA, J.N., MEIRELES, L.R. and ANDRADE JUNIOR, H.F. Qualitycontrol of Toxoplasma gondii in meat packages: standardization of an ELISA test and its use for detection in rabbit meat cuts. Meat Science [online]. 2011, vol. 88, no. 3, pp. 584-589, ISSN: 0309-1740 [viewed 24 May 2018]. DOI: 10.1016/j.meatsci.2011.01.016. Avaliable from: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0309174011000295
Para ler o artigo, acesse
MARCIANO, M.A.M., ANDRADE JUNIOR, H.F. and MEIRELES, L.R. Avaliação da técnica de ELISA para pesquisa de IgG anti-Toxoplasma gondii em exsudatos de carnes de sol. Braz. J. Food Technol [online]. 2018, vol. 21, e2017009, ISSN: 1981-6723 [viewed 24 May 2018]. DOI: 10.1590/1981-6723.00917. Avaliable from: http://ref.scielo.org/tgk8by
Link externo
Brazilian Journal of Food Technology – BJFT: <http://www.scielo.br/bjft>
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