Por Maria Luiza De Grandi, jornalista do periódico Ciência Rural e Alexandre Mazzanti, veterinário e professor da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil
Dentre os neoplasmas do sistema nervoso central, o meningioma é o mais comum em cães, porém apenas 3% são afetados por meningiomas retrobulbares (MOTTA; MANDARA; SKERRITT, 2012). No relato de caso realizado por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), uma cadela Dachshund, de 14 anos, apresentou um tumor raro na região retrobulbar e no quiasma óptico, chamando atenção dos pesquisadores para possíveis tumores na região acometida. O artigo “Meningioma raro retrobulbar e de quiasma óptico em cão” foi publicado no periódico Ciência Rural (vol. 49, no. 7).
Ao chegar ao Hospital Veterinário Universitário (HVU), o cão apresentava sonolência, cabeça pressionando, andar compulsivo, e circulando para o lado direito. Os pesquisadores realizaram exames oftalmológicos, ultrassonográficos e neurológicos que apontaram lesão multifocal. Um exame ultrassonográfico do bulbo ocular foi indicado pelos pesquisadores para auxiliar o diagnóstico, mas o proprietário do cão optou pela eutanásia. Apenas na necropsia, foi constatado que se tratava de um tumor raro, na região retrobulbar.
Figura 1. Meningioma Retrobulbar.
O meningioma é um dos tumores mais comum do sistema nervoso central de cães, porém nenhum relatório desse tipo de tumor foi verificado na raça Dachshund antes dessa pesquisa. As raças relatadas mais comuns são Poodle, Samoieda, Pastor Alemão, Labrador Retriever, Golden Retriever e Boxer (MAULDIN, et al., 2000; STURGES, et al., 2008).
De acordo com pesquisador Alexandre Mazzanti, o relato de caso serve para alertar os clínicos sobre a possibilidade de tumores como esse nas regiões mencionadas. A pesquisa é inovadora, pois apenas em 1967 um relato semelhante foi publicado, porém o meningioma descrito no presente relato era diferente e de ocorrência rara. Mesmo que existam apenas sinais neurológicos, tumores envolvendo a região retrobulbar dos cães devem ser incluídos no diagnóstico.
Referências
MAULDIN, E., et al. Canine orbital meningiomas: a review of 22 cases. Vet Ophthalmol. [online]. 2000, vol. 3, no. 1, pp. 11-16, e-ISSN: 1463-5224 [viewed 3 September 2019]. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11397276
MOTTA, L., MANDARA, M.T. and SKERRITT, G.C. Canine and feline intracranial meningiomas: An updated review. Vet J. [online]. 2012, vol. 192, no. 2, pp. 153-165, ISSN: ISSN: 1090-0233 [viewed 3 September 2019]. DOI: 10.1016/j.tvjl.2011.10.008. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22104505
STURGES, B.K., et al. Magnetic resonance imaging and histological classification of intracranial meningiomas in 112 dogs. J Vet Intern Med [online]. 2008, vol. 22, no. 3, pp. 586-595, e-ISSN:1939-1676 [viewed 3 September 2019]. DOI: 10.1111/j.1939-1676.2008.00042.x. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18466258
Para ler o artigo, acesse
AIELLO, G., et al. Meningioma raro retrobulbar e de quiasma óptico em cão. Cienc. Rural [online]. 2019, vol. 49, no. 7, e20180970, ISSN: 0103-8478 [viewed 3 September 2019]. DOI: 10.1590/0103-8478cr20180970. Available from: http://ref.scielo.org/4zwzks
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