Por Maria Luiza De Grandi, Jornalista do periódico Ciência Rural e Neila Richards, Professora do Departamento de Tecnologia e Ciência dos Alimentos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil
Você sabia que os insetos são potenciais fontes alternativas de proteínas para os humanos? De acordo com a Food and Agriculture Organization (FAO, 2013), existem mais de 1.900 espécies de insetos com potencial de consumo e uma sustentabilidade de fornecimento de nutrientes. A Organização também destaca que o consumo dos insetos deve ser incentivado, em razões de subsistência sociais e econômicas. Um estudo exploratório, desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), analisou o perfil alimentar de 1.619 consumidores nas cinco regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), bem como sua percepção, motivação e forma preferida de insetos comestíveis. O artigo Percepção de consumidores brasileiros aos insetos comestíveis foi publicado no periódico Ciência Rural (vol. 49, no. 10).
Os dados obtidos com a pesquisa foram analisados por tabulação cruzada e mostraram que as mulheres são mais relutantes que os homens em consumir insetos. A pesquisa também apontou que a maioria dos entrevistados respondeu que prefere consumir o inseto na forma de farinha e que os brasileiros não têm opinião sobre a segurança do consumo de insetos. Os consumidores com níveis mais altos de educação e familiaridade, no entanto, consideram seguro.
O estudo exploratório abre possibilidade de desenvolver produtos mais atrativos aos consumidores, sendo o objetivo da segunda fase da pesquisa. De acordo com a pesquisadora Neila Richards, além de fornecer nutrientes, o produto deve ter sensorialidade, que é definido como o prazer que a pessoa tem em consumir determinado produto. “Agora sabemos que os produtos que estão sendo desenvolvidos terão maior aceitação se o inseto estiver na forma de farinha, ou seja, a maior parte dos consumidores não quer ver o inseto inteiro no produto, mas, não se importam dele estar presente triturado”, destaca Neila.
A pesquisa é inovadora, pois faz um mapeamento da percepção do consumidor e qual a forma mais aprazível de consumir insetos na dieta antes da produção do alimento. A pesquisadora Neila Richards destaca que outras universidades como a Federal do Ceará, Federal de Santa Catarina, Federal do Rio Grande do Sul, Federal da Grande Dourados, Estadual de Campinas e Universidade de São Paulo têm pesquisas nesta área. “Temos colaborações com duas destas instituições”, aponta Neila.
Referência
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS – FAO. Edible insects: future prospects for food and feed security. Rome: FAO, 2013.
Para ler o artigo, acesse
SCHARDONG, I,S., et al. Percepção de consumidores brasileiros aos insetos comestíveis [online]. 2019, vol. 49, no. 10, e20180960, ISSN: 0103-8478 [viewed 18 March 2020]. DOI: 10.1590/0103-8478cr20180960. Available from: http://ref.scielo.org/bpq3qw
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