Por Maria Luiza De Grandi, Jornalista do periódico Ciência Rural, Santa Maria, RS, Brasil e Dalton Mendes, Professor, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Curso de Zootecnia, Aquidauana, MS, Brasil
A geração de produtos à base de carne de alta qualidade envolve vários segmentos agroindutriais, como criação, produção e transporte. A qualidade da carne é associada ao bem-estar do animal, principalmente o manejo pré-abate. De acordo com Tarrant, et al. (1992), é possível notar que, do ponto de vista econômico, procura-se transportar animais com alta carga de densidade. Tendo em vista a grande incidência de hematomas em carcaças bovinas, em decorrência do transporte rodoviário, pesquisadores da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), avaliaram o número de hematomas em diferentes regiões da carcaça e sua relação com as taxas de lotação em diferentes modelos de carrocerias. O artigo “Taxa de lotação em diferentes modelos de carrocerias e sua relação com hematomas em carcaças bovinas” foi publicado na Ciência Rural (vol. 50, no. 5).
Cada tipo de veículo apresenta uma peculiaridade que influencia na capacidade de transporte e no cálculo do número de bovinos a ser transportado. Para a pesquisa, foi avaliada a porcentagem de hematomas na região do traseiro, dianteiro e ponta da agulha dos bovinos. O espaço ocupado por cada animal em m² dentro da carroceria foi definido como “Área Praticada”, obtido pela divisão da área total da carroceria e o número de machos e fêmeas transportados. Foram analisados os números nos caminhões truck (240 machos e 168 fêmeas), carreta baixa (120 machos e 93 fêmeas) e caminhão Romeu e Julieta (80 machos). Os pesquisadores utilizaram como base a área mínima ocupada definida pela Farm Animal Welfare Council (FAWC) e Animal Welfare Advisory Committee (AWAC).
Os resultados obtidos mostram que a taxa de lotação deve ser específica para cada tipo de veículo de transporte de bovinos para o abate. A aplicabilidade de equações da União Europeia ou da Nova Zelândia para determinação da área mínima a ser ocupada por cada animal não retratam com exatidão a taxa de lotação praticada em território brasileiro, devendo ser analisadas individualmente, pois o cálculo da taxa de lotação para o caminhão Truck, por exemplo, não seria ideal para os demais. De acordo com o pesquisador Dalton Mendes, os resultados auxiliam produtores e frigoríficos quanto a relação entre a área mínima ocupada por animal e sua influência sobre a incidência de hematomas em carcaças bovinas.
A pesquisa realizada na Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS) é inovadora ao associar taxas de lotações com a incidência de hematomas em carcaças bovinas e testar equações que determinam a área mínima ocupada por animal (m2). “Ao avaliar a aplicabilidade das equações em diferentes tipos de caminhão utilizados para transportar bovinos para o abate foi possível analisar e correlacionar como esses fatores se associam com a incidência de hematomas em diferentes regiões da carcaça,” acrescenta Dalton.
Referência
TARRANT, P.V., et al. Long distance transportation of steers to slaughter: effect of stocking density on physiology, behaviour and carcass quality. Livestock Production Science [online]. 1992, vol. 30, no. 3, pp. 223-238, ISSN: 0301-6226 [viewed 12 August 2020]. DOI: 10.1016/S0301-6226(06)80012-6. Available from: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0301622606800126
Para ler o artigo, acesse
FERREIRA, K. de C., et al. Taxa de lotação em diferentes modelos de carrocerias e sua relação com hematomas em carcaças bovinas. Cienc. Rural [online]. 2020, vol. 50, no. 5, e20190819, ISSN: 1678-4596 [viewed 12 August 2020]. DOI: 10.1590/0103-8478cr20190819. Available from: http://ref.scielo.org/25z4mq
Links externos
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