Substância presente na cúrcuma pode ser nova aposta terapêutica no tratamento de colite ulcerativa

Rosa Emilia Moraes, jornalista de ciência em Linceu Editorial, São José dos Campos, SP, Brasil.

Logo do periódico Acta Cirúrgica BrasileiraA colite ulcerativa é uma doença crônica de difícil controle que, ao se apresentar de forma moderada ou grave, pode demandar um tratamento complexo e de alto custo. Por isso, há uma contínua busca por novas alternativas. Uma das estratégias de tratamento é o uso por via oral de nanopartículas carregadas de medicamentos que podem ser transportados pelo trato gastrointestinal e liberados no lúmen do cólon.

A curcumina é um polifenol extraído da planta Curcuma longa, originária da Índia, muito utilizada na culinária e na medicina tradicional. Suas propriedades anti-inflamatórias foram exploradas em estudos experimentais e clínicos que reconheceram o potencial da curcumina para o tratamento de diversas doenças em humanos.

No artigo Treatment of colitis by oral negatively charged nanostructured curcumin in rats, publicado na Acta Cirúrgica Brasileira (v. 37, n. 6), pesquisadores do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) examinaram os efeitos de uma microemulsão de curcumina nanoestruturada carregada negativamente para a terapia de colite ulcerativa em ratos Wistar que tiveram a doença induzida por instilação colônica de ácido acético a 4%. Os resultados mostraram que a curcumina diminui o processo inflamatório na colite induzida.

Previamente, Zamyatina e Heine (2020) demonstraram que a mucosa inflamada possui um alto nível de proteínas carregadas positivamente, o que faz com que um sistema carregado negativamente seja preferencialmente atraído para ela. A microemulsão de curcumina nanoestruturada utilizada no experimento foi formulada e caracterizada no Laboratório de Sistemas Distribuídos da própria UFRN. Para medir a carga superficial das nanopartículas, foi aplicado o parâmetro Zeta Potential (ZP).

Imagens macroscópicas representativas de seis amostras frescas de cólon de 8 cm para cada grupo após os tratamentos. As lesões são indicadas por setas. Foi utilizado um microscópio cirúrgico (DF vasconcelos, São Paulo, Brasil ×10). (a) Grupo controle normal. A mucosa é completamente normal em todas as amostras. (b) Ratos com colite e tratados com solução salina normal. Múltiplas ulcerações, edema e áreas de necrose são observadas. (c) As imagens de ratos com colite tratados com curcumina são semelhantes aos ratos controles normais. (d) Ratos com colite tratados com mesalazina. Múltiplas ulcerações de diferentes tamanhos, edema, necrose e dilatação da parede do cólon.

Imagem: autoria própria

O artigo descreve os procedimentos e técnicas aplicados a cada etapa do experimento, que durou um total de 7 dias. Setenta e duas horas após a injeção retal de 4% de AAC que induziu a colite ulcerativa, os ratos foram divididos em grupos que receberam diferentes tratamentos. Em todas as análises — apresentadas macro e microscopicamente e ilustradas com figuras e tabelas — o grupo tratado com a curcumina obteve os melhores resultados.

Os dados produzidos reforçam os achados de Sharma et al. (2019) que, ao avaliar quantitativamente a absorção de nanopartículas de curcumina nos órgãos do trato digestivo de um modelo animal com colite ulcerativa, após administração oral, observaram sua alta concentração nos tecidos inflamados do cólon. Estas informações fomentam um panorama otimista para a aplicação deste sistema de curcumina nanoestruturada com potencial zeta negativo como fitofármaco oral, confirmando grande penetração e retenção.

Referências

SHARMA, M., SHARMA, S. and WADHWA, J. Improved uptake and therapeutic intervention of curcumin via designing binary lipid nanoparticulate formulation for oral delivery in inflammatory bowel disorder. Artif Cells Nanomed Biotechnol. [online]. 2019, vol. 47, no. 1, pp. 45-55 [viewed 13 October 2022]. https://doi.org/10.1080/21691401.2018.1543191. Available from: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/21691401.2018.1543191

ZAMYATINA, A. and HEINE, H. Lipopolysaccharide recognition in the crossroads of TLR4 and caspase-4/11 mediated inflammatory pathways. Front Immunol. [online]. 2020, vol. 11, 585146 [viewed 13 October 2022]. https://doi.org/10.3389/fimmu.2020.585146. Available from: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fimmu.2020.585146/full

Para ler o artigo, acesse:

CELANI, L.M.S., et al. Treatment of colitis by oral negatively charged nanostructured curcumin in rats. Acta Cir. Bras. [online]. 2022, vol. 37, no. 6, e370602 [viewed 13 October 2022]. https://doi.org/10.1590/acb370602. Available from: https://www.scielo.br/j/acb/a/YqpKYGzTMvk96BDKzjWgJYn/

Links

Universidade Federal do Rio Grande do Norte: https://ufrn.br/

Acta Cirúrgica Brasileira – ACB: https://www.scielo.br/j/acb/

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Como citar este post [ISO 690/2010]:

MORAES, R.E. Substância presente na cúrcuma pode ser nova aposta terapêutica no tratamento de colite ulcerativa [online]. SciELO em Perspectiva | Press Releases, 2022 [viewed ]. Available from: https://pressreleases.scielo.org/blog/2022/10/13/substancia-presente-na-curcuma-pode-ser-nova-aposta-terapeutica-no-tratamento-de-colite-ulcerativa/

 

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